Algum tempo ao lado de "Seu Djalma" assegura ao interlocutor conhecer muitas histórias sobre a Universidade do Estado do Pará (Uepa), que está às vésperas de completar 29 anos, no dia 18 de maio. Em serviço há 35 anos, Djalma de Jesus Costa, 61, trabalha como motorista na Uepa antes mesmo da instituição ter esse nome. Ainda na época da Fundação Educacional do Estado do Pará (FEP), Seu Djalma, como chamado pelos colegas de trabalho, iniciou sua trajetória no ano de 1987.
"Cheguei aqui antes de ser Uepa. Entrei em 1987, quando ainda era fuzileiro naval. Resolvi sair da marinha, e buscando um novo emprego, fui avisado que haviam vagas no concurso para motorista na então FEP, no campus da Educação Física. Me inscrevi no concurso e passei em segundo lugar. Tinha apenas 26 anos", conta o motorista, que logo em uma das primeiras viagens dessa jornada, teve de encarar a condução de um ônibus até Brasília, revezando a troca de motorista com o colega, mantendo o veículo em movimento, um dos primeiros aprendizados, que até hoje ele não sabe explicar por que tinha de ser assim: não parar o veículo para fazer o revezamento.
De carona com Djalma
De lá pra cá, Seu Djalma vivenciou o crescimento da Uepa para além das fronteiras da capital, acompanhando o desenvolvimento dos campi em todo o Pará. São tantas viagens como motorista da Uepa que ele se orgulha de dizer que conhece o estado como ninguém. Mas, há 22 anos Djalma é o motorista exclusivo do reitor ou reitora que estiver à frente da Universidade. Apesar disso, ele enfatiza que mesmo com essa prioridade de transportar o reitor ou reitora, há exceções. E quando ele recebe uma missão dada pelo gabinete da reitoria, vai e cumpre.
Djalma por todos os campi
"Já fui para todos os campi da Uepa no interior. Se me der um papel e uma caneta, consigo desenhar o mapa do Pará sem dificuldades", afirma. "E acompanhei a abertura de quase todos os campi da universidade: Conceição do Araguaia, Paragominas, Redenção, Altamira e Santarém são alguns desses", declara o motorista, que ainda esta semana esteve no campus XIV, juntamente com a vice-reitora, Ilma Pastana, e voltou com um significativo feixe de ingá, que ajudou a matar a fome de ambos na viagem de volta, na hora do almoço.
Mas, nem todos os sabores são os de preferência, ao longo de tantas estradas percorridas. Seu Djalma lembra de momentos vividos com os colegas de trabalho e um deles é justamente sobre comida. "Estávamos em um almoço em Redenção, acompanhando uma ação da Uepa, e o vice-prefeito foi convidado. Na hora do self-service, um dos meus colegas colocou um tipo de peixe fresco, que eu não costumo comer, no meu prato e saiu da fila. Como eu não sabia de onde aquele peixe tinha saído, não podia colocar na mesa, e como não queria comer aquilo, vi ao meu lado o vice-prefeito servindo o próprio prato. Foi então que sem que ele percebesse, coloquei o peixe no prato dele e saí correndo. Meus colegas riram muito disso e lembram dessa história até hoje", rememora o peralta Djalma.
Com todo esse tempo na Uepa, Djalma não se vê em outro lugar. Para ele, o profissionalismo é a chave para se manter motivado no que faz. "Sempre procurei me dedicar ao máximo na minha profissão. Acho que o mais importante quando se está há tanto tempo em um trabalho é ser confiável e respeitoso. Acompanhei vários reitores nesse período e fiz muitos amigos. Alguns deles não estão mais entre nós, mas sempre terei ótimas lembranças e histórias pra contar", faz assim, o balanço de sua trajetória.
Texto: Messias Azevedo e Guaciara Freitas (Ascom Uepa)
Fotos: Laís Texeira e Márcio Dias (Ascom Uepa)