Desenvolvido através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), o projeto Práticas Pedagógicas Inclusivas e a Garantia do Direito à Educação para Mulheres Encarceradas aborda a temática da condição da mulher na sociedade. A proposta, iniciada em 2020, integra um conjunto de estudos e pesquisas realizados pela pedagoga Maria Auxiliadora Maués, junto ao grupo que ela lidera, para falar sobre a educação no cárcere paraense.
Há uma década, o Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre Gestão, Trabalho e Educação Carcerária (GEPGTEC) do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Uepa – composto por estudantes na iniciação científica, professores que atuam na educação carcerária e ex-alunos da Uepa que, hoje, são pesquisadores – investiga sobre o ensino no ambiente penitenciário.
Durante esse período, foram realizados projetos tanto do Pibid, quanto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), além de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Mas, foi apenas a partir de 2020 que direcionaram o foco para as mulheres. "Começamos a ter curiosidade de investigar, porque é um tema urgente na sociedade a questão da mulher encarcerada", afirma a coordenadora.
Devido à pandemia da Covid-19, que também teve início há dois anos, a pesquisa de campo ainda não foi efetivada. Para não colocar em risco a vida das pessoas, seguindo as instruções da Organização Mundial da Saúde (OMS) e com o olhar voltado para o que acontece nas unidades prisionais, o grupo realizou entrevistas com professores, que trabalham em escolas carcerárias, gestores, diretores, e também teve acesso a registros de outros profissionais atuantes nesse âmbito, com o objetivo de compreender como a educação no sistema penitenciário paraense ocorre.
O Grupo teve seu primeiro projeto de Iniciação Científica aprovado ainda em 2015, trazendo à discussão a gestão no cárcere. Práticas pedagógicas, educação física e educação no cárcere também foram propostas de estudos aceitas.
"Temos a convicção de que estamos cumprindo uma função social da educação, que é poder discutir sobre todos os temas socialmente marginalizados. Poder socializar, informar e levar para essa sociedade temas urgentes e invisibilizados, que a sociedade precisa conhecer e ser sensibilizada. Sobre a condição da mulher, nos emociona muito. Para nós a máxima deve ser: 'Bandido bom não é bandido morto', não ao contrário. Nós não queremos passar a mão na cabeça de ninguém, mas é importante que a sociedade aprenda a reconhecer a história de vida daquela pessoa em conflito com a lei, as condições que a levaram para o crime e, sobretudo, permitir que os futuros profissionais da educação percebam isso e atuem no sentido do esclarecimento e compromisso com essa população", declara a Pesquisadora Drª Maria Auxiliadora Maués, resumindo seu sentimento com o entusiasmo dos futuros docentes engajados na discussão acerca da condição da mulher na sociedade.
Ainda em execução, o estudo deve encerrar ainda no final do primeiro semestre deste ano e divulgar seus achados. Já o do Pibic, que possui o mesmo título do Pibid, será concluído em 2023.
Texto: Thayssa Nobre (Ascom Uepa)
Foto: Ascom Seap