A convite da Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde na Amazônia (PPGESA), o médico e pesquisador Roberto Lent, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministra nesta sexta-feira, 20, a palestra Educação tem Ciência, às 14h, no auditório do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Uepa. O encontro com um dos fundadores da Revista Ciência Hoje será aberto ao público e com entrada franca, sendo necessário que os interessados preencham o formulário de inscrição.
Além da conferência, Roberto Lent foi convidado pelo PPGESA para participar da disciplina Estratégias de Ensino em Saúde: Neurociências e Aprendizagem, coordenada pelo professor e pró-reitor de pesquisa Jofre Jacob, pela professora Ivete Ribeiro e pelo professor Antonio Pereira, da Universidade Federal do Pará. Durante as atividades na Uepa, o autor do livro Cem Bilhões de Neurônios, abordará ações estratégicas de aprendizagem que aperfeiçoem o ensino.
Atualmente, Roberto Lent coordena a Rede Nacional de Ciência para Educação, que desenvolve várias ações com o objetivo de melhorar o ensino público. A Rede CpE preparou quatro documentos norteadores: um sobre fatores fisiológicos, que influenciam na educação, outro sobre estudantes superdotados e com deficiências; um terceiro sobre metacognição; e ainda sobre alfabetização infantil. Os documentos são pontos de partida para que o Estado tome as proposições como políticas públicas. “A Rede CpE defende que as políticas educacionais e as práticas pedagógicas se baseiem em evidências científicas, como se faz na área da Saúde. Desse modo, seriam mais eficazes e mais seguras. Nosso lema é Educação Tem Ciência”, explica o cientista.
As pesquisas desenvolvidas por Roberto Lent sobre memória, neuroplasticidade, alfabetização e transtornos de aprendizagem vão ao encontro de uma aflição constante em pessoas comuns, no mundo contemporâneo, principalmente pais e professores, que se vêem diante de dilemas que envolvem, por exemplo, a conexão on-line, quase permanente de crianças e jovens por meio de telas. Nesse sentido, embora não se considere um especialista na área, o doutor em Biofísica afirma que a partir de tudo o que tem lido sobre o assunto, compreende “que o emprego exagerado ou exclusivo de poucas formas de interação com o mundo limita muito a cognição”. E exemplifica: “ler é essencial, mas uma pessoa que só lê o tempo todo, perde cognição social, empatia interpessoal etc. Assim ocorre também em relação às mídias digitais”.
Atuante na Educação e Divulgação Científica para adultos e crianças, com livros publicados para ambos os públicos, como As Aventuras do Neurônio Lembrador, e autor de crônicas semanais sobre neurociência, Roberto Lent teve uma preocupação de atuar socialmente desde a adolescência, quando presenciou a cassação arbitrária do pai pela ditadura em 1970. “Eu mesmo fui preso nessa época pela minha militância estudantil. A divulgação científica, depois disso, foi uma alternativa para conectar meu trabalho de pesquisa com a população em geral. A Revista Ciência Hoje foi minha primeira incursão nesse caminho”, relembra.
Para o pró-reitor de pesquisa da Uepa, Jofre Jacob, o professor Lent, “além de ser um pesquisador reconhecido internacionalmente, é um grande educador, pois tem como meta fazer com que as pesquisas da área básica de Neurociências sejam aplicadas à melhoria do processo de aprendizagem”. Parte dessa experiência e conhecimento poderá ser compartilhada com os estudantes do PPGESA e com o público em geral.
Texto: Guaciara Freitas (Ascom Uepa)
Foto: Léo Ramos Chaves (Revista Fapesp)