Uepa forma 74 indígenas da etnia Mundurku do Alto Tapajós

Enviado por Marilia Jardim em Qui, 09/06/2022 - 13:06

Um canto Munduruku ecoou na tarde de ontem, 8, no Ginásio Poliesportivo do município de Jacareacanga, para celebrar a formatura de 74 indígenas da etnia Munduruku do Alto Tapajós em Licenciatura Intercultural Indígena, pela Universidade do Estado do Pará (Uepa). E foi com um tradicional adorno de cabeça, complementando as tradicionais vestes talares, que o reitor da Uepa, Clay Chagas, realizou a outorga de grau dos novos egressos da instituição.

 

“Esse é um dia extremamente importante, muito especial. A gente está formando, ainda em um momento de pandemia, o que significa dizer que a universidade, no seu modelo de interiorização das ofertas turmas de Licenciatura Intercultural Indígena esteve nas aldeias nesse período, em um esforço muito grande. Essa outorga mostra que a gente pode fazer formação, mostra a riqueza desses povos e a importância deles na política de conservação da Amazônia”, declarou o titular da Uepa, Clay Chagas.

 

Também participaram da cerimônia o governador Helder Barbalho, a vice-reitora, Ilma Pastana, as professoras Joelma Alencar, coordenadora do Núcleo de Formação Indígena (Nufi) e Aline Lima, coordenadora do curso de licenciatura, e o prefeito de Jacareacanga, Sebastião Aurivaldo Pereira Silva.

 

O formando João Muo Munduruku discursou na língua munduruku, enquanto a nova licenciada, Rosiane Kaaba Munduruku, oradora da turma, em português, destacou que “o desafio foi o de deixar os nossos familiares em aldeia e nos adaptarmos a vida da universidade”.

Essa é a primeira turma formada na região sudoeste do Pará. Os acadêmicos residem em mais de 274 localidades da região. No final de abril, entre os dias 27 e 28, foram realizadas as defesas dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Os trabalhos apresentados foram pautados por três áreas de atuação que abrangem o curso: Linguagem e Arte, Ciências da Natureza e Matemática, Ciências Humanas e Sociais. As temáticas abordadas nos trabalhos estão dentro das respectivas áreas de ensino.

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena está dentro da política indigenista da Uepa, coordenado pelo Núcleo de Formação Indígena. O Núcleo constitui-se num espaço interinstitucional na Uepa, que visa garantir aos povos indígenas formação superior, realização de pesquisas, atividades de extensão e formação continuada, de acordo com as necessidades e realidades dos povos indígenas.

O curso de licenciatura Intercultural Indígena da Uepa, em dez anos, soma agora quase trezentos indígenas graduados pela universidade, além de 15 pós-graduados em Educação Escolar Indígena. Atualmente, o curso também está sendo ofertado para os indígenas Xicrin do Catete, em Parauapebas, por meio do programa Forma Pará, e a pós-graduação soma 38 alunos das turmas de 2020 e 2021.

Texto: Marília Jardim (Ascom Uepa)

Fotos: Laís Teixeira (Ascom Uepa)