As vantagens da prática de atividades físicas para a saúde mental são apontadas em muitas pesquisas e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) ser ativo é fundamental para viver mais e com melhor qualidade de vida. A Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do curso de Educação Física do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), abriu inscrições gratuitas para participantes de um estudo sobre o treinamento resistido em pacientes com Parkinson, Acidente Vascular Encefálico (AVE) e a esclerose lateral amiotrófica (ELA). O Projeto denominado NeuroForça é um projeto de extensão voltado para o estudo dos efeitos da atividade física como a musculação no organismo humano. O objetivo é investigar o impacto do treinamento resistido sobre as capacidades cognitivas, funcionais e neuromotoras em pessoas acometidas por doenças neurodegenerativas.
As pessoas interessadas em participar do estudo podem realizar inscrições no Núcleo de Extensão do Curso de Educação Física (Nuex). O Neuroforça será desenvolvido ao longo de um ano na academia do curso de Educação Física, onde funciona o Laboratório de Exercício Resistido e da Saúde (Leres), duas vezes na semana, no turno da tarde.
De acordo com o educador físico e doutor em neurociências, Alexandre Maia, coordenador do estudo, a musculação retarda a evolução de diversas doenças e este estudo vai descobrir a consequência positiva deste tipo de treinamento sobre as habilidades cognitivas e neuromotoras em pessoas com Parkinson, acidente vascular cerebral (popularmente chamado de derrame) ou esclerose do tipo denominado ELA. O projeto já foi submetido à plataforma Brasil e apreciado pelo comitê de ética do CCBS. A meta é receber 60 pessoas com mais de 40 anos, homens e mulheres, sendo 20 diagnosticadas pela doença de Parkinson, 20 com ELA e 20 acometidas por AVE. Os voluntários assinarão um Termo de Livre Consentimento (TLC) para participar do projeto, que está previsto para iniciar ainda neste mês de agosto. A expectativa do estudo é que a cada avaliação sejam observadas melhoras nas capacidades cognitivas avaliadas, recuperação do equilíbrio, aumento nos níveis de força manual, aumento na ativação muscular etc. "A musculação tem um efeito neuroprotetor. A contração muscular promove a produção de moléculas pela própria massa muscular que promovem benefícios em diferentes sistemas corporais, incluindo o cérebro. Entre estas moléculas temos a irisina, o BDNF, IGF-1, Il-6, entre outras, que são importantes para a neuroplasticidade", explicou o professor Alexandre Maia.
O envelhecimento é o principal fator de risco para as diversas doenças crônicas. O Brasil possui forte tendência de crescimento da população mais velha, e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o número de idosos (pessoas a partir de 60 anos), deve chegar a 25,5% da população brasileira até 2060, o que obriga que as políticas públicas estejam voltadas para a prevenção e saúde do idoso, caso contrário, a sobrecarga sobre o sistema público de saúde será imensa, por conta da elevação das doenças crônico-degenerativas. "O Parkinson é uma das principais doenças neurodegenerativas, alcançando o status de segunda mais prevalente no mundo, sendo importante causa de incapacidade neurológica. As características clínicas mais comuns são aquelas referidas aos desajustes motores, tremor de repouso, rigidez músculo esquelética, alterações na postura e na marcha, perda de memória e depressão. Outra patologia grave e progressiva é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que inicia com a manifestação de fraqueza muscular. Já o acidente vascular encefálico, atualmente é uma das principais causas de mortalidade e incapacidade no mundo, com mais de 6,6 milhões de mortes anualmente, causando incapacidades crônicas em aproximadamente 50% dos sobreviventes. Entre os fatores de risco com alta prevalência na população estão a hipertensão arterial, o tabagismo, o alto consumo de álcool e os maus hábitos alimentares", destacou o professor.
Inicialmente, os inscritos passarão por avaliações cognitivas de memória e também avaliações com movimentos, para verificar a ativação muscular, que será feito por meio de um teste de eletromiografia. O estudo inicia após esta etapa de anamnese. "O treinamento físico tem sido adotado como importante recurso terapêutico para o tratamento de diferentes desordens do sistema nervoso. Uma intervenção física capaz de retardar a deterioração física e cognitiva relacionada ao envelhecimento é o treinamento regular de exercícios com pesos, chamados de exercícios resistidos (ER). Evidências substanciais materializadas em revisões sistemáticas e meta-análises sugerem que os ER induzem benefícios nas funções cognitivas, bem como em mecanismos neurobiológicos", pontuou. O ER é uma estratégia promissora que pode gerar diferentes benefícios simultaneamente em variados tipos de problemas de saúde físicos e encefálicos. "O exercício resistido é realizado de diferentes formas e com diferentes tipos de resistência, frequentemente implementados com pesos livres, máquinas de musculação, o peso corporal ou resistência elástica, e que devem ser superados através da contração muscular dinâmica ou isométrica voluntária", ressaltou Alexandre Maia. Todas as avaliações e o protocolo de treinamento resistido serão realizados no Leres, localizado no Campus III do CCBS da Uepa.
Serviço:
Inscrições para o Projeto Neuroforça no Núcleo de Extensão do Curso de Educação Física (Nuex), na Av. João Paulo II, 817 (Campus III Uepa).
Interessados podem entrar em contato também pelo número (91) 99381-0304.
Texto: Diane Maués (Ascom Uepa)
Fotos: Equipe do projeto (Uepa Campus III)