Contribuir com ações educativas de prevenção e auxiliar o fortalecimento da vigilância à saúde é o objetivo do projeto Mídias Educacionais para Saúde na Amazônia, desenvolvido pela professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Lourdes Maria Garcez, junto com a turma de 2018 do curso de Biomedicina, durante a disciplina de Parasitologia Clínica. Com foco na prevenção ao novo Coronavírus (Covid-19) e também em outras doenças, os alunos desenvolveram materiais didáticos para informar sobre as formas de transmissão, sintomas, providências necessárias, a exemplo da consulta médica para diagnóstico, e como prevenir a Covid-19 e outras enfermidades.
“Nesse contexto da pandemia de Covid-19, altamente impactante, havia uma dificuldade de levar os alunos a campo, mas também havia necessidade de os alunos de Biomedicina gerarem ou elaborarem algum produto que beneficiassem toda a sociedade”, explica a professora Lourdes, coordenadora do projeto, que dirigiu a turma. “Nós, então, decidimos fazer as mídias educacionais, porque percebemos que há uma desinformação muito grande, e as informações em ciência e saúde precisam ser levadas às escolas e comunidades. Elegemos o cenário do arquipélago do Marajó, as comunidades do arquipélago, para que essas mídias fossem elaboradas pensando nessas populações” detalhou.
A professora destacou ainda a necessidade de se inserir nos currículos escolares temas de saúde vivenciados regionalmente, "porque isso faz parte de um programa do Ministério da Educação (MEC), o Programa Saúde nas Escolas”.
Dinâmica
Para a realização da atividade, a turma foi dividida em quatro grupos. Cada um deles tinha a tarefa de elaborar duas mídias educativas, sendo uma, obrigatoriamente, sobre o Coronavírus e a outra sobre outra enfermidade à escolha do grupo. Mesmo com as dificuldades do modelo de ensino remoto, adotado por causa da pandemia, os alunos apresentaram resultados. “No início foi um pouco difícil para o curso de Biomedicina, que era totalmente presencial e não tinha essa experiência, mas eu, particularmente, tinha alguma experiência com atividades remotas, então eu me adaptei e nossos alunos acompanharam muito bem, com uma frequência altíssima. Acho que foi muito bom, eu procurei garantir a qualidade das aulas, das atividades, para garantir que nós não perdêssemos em qualidade”. Os vídeos produzidos pelos alunos estão disponíveis no site do Instituto Evandro Chagas (IEC), que auxiliou os estudantes na elaboração dos produtos, por meio de palestras.
A estudante do 7º semestre do curso de Biomedicina, Adriana Silva, explicou que particiou da equipe responsável pelo vídeo e uma história em quadrinhos: "Nós pensamos muito sobre como faríamos mídias para ser, ao mesmo tempo educativo e interessante. Por esse motivo escolhemos essas duas formas de explorar esse tema, já que muitas pessoas gostam de ler historinhas e ver vídeos. Os recursos que nós utilizamos foram todos gratuitos, disponíveis on-line. Outra coisa que também foi muito legal é termos contado com o auxílio de profissionais do Evandro Chagas, da Uepa e até de fora dessas instituições. Por exemplo, no vídeo a narração foi feita pelo Elton, da Rádio Uepa, e contou com o arranjo de Maurício Panzera". Para ela, "a experiência foi ótima, pois aprendemos a utilizar diferentes ferramentas digitais para elaborar as mídias e contamos com o apoio de diversos profissionais".
Ao total, foram geradas cinco mídias para leitura e três vídeos. A professora se orgulha dos resultados dos alunos. “Eu posso dizer que foi incrível. Eles descobriram habilidades que eles não sabiam que tinham. Criaram vídeos, podcasts, músicas, fizeram narração, uma aluna cantou, gravou em estúdio. Nós tivemos animações, trouxeram ideias novas, de quadrinhos, de pôsteres para que os alunos soubessem da importância de lavar as mãos. Eles se envolveram completamente”.
Para o estudante Dilton Rodrigues, que produziu uma música com a sua equipe, a produção desenvolvida representou uma saída da zona de conforto. "Já tínhamos participado de projetos voltados para a comunidade em escolas e postos de saúde, porém a tentativa de alcançar pessoas que nunca vimos foi completamente inovadora para nós. Lembro que o primeiro pensamento após a apresentação da proposta pela professora Lourdes foi: 'será que vamos conseguir?'. Tivemos o total apoio da professora e dos profissionais que toparam participar dessa iniciativa".
A apresentação dos produtos em um webnário da turma, para a comunidade interna e externa, também chamou atenção da diretora de Controle de Endemias da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Adriana Tapajós, que ficou interessada na possibilidade de divulgar as mídias de maneira ampla, para a população, o que é animador para Dilton:"Todos da equipe têm a expectativa de que nossas Mídias Educacionais alcancem o maior público possível, especialmente o da comunidade do Marajó, já que pensamos nela durante todo o processo de produção. As mídias são ferramentas de comunicação e dispersão de conhecimento, que elas sejam repassadas, compartilhadas, e que façam diferença na vida das pessoas".
Atualmente, a professora Lourdes e os alunos pretendem disponibilizar os produtos educacionais para escolas e comunidades de municípios de arquipélago do Marajó, iniciando com um protótipo em Portel, o que ainda depende de tratativas com as Secretarias de Saúde e Educação. O projeto também já está institucionalizado na Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Uepa e, recentemente, foi inscrito na 1ª Mostra Virtual de Experiências Bem-Sucedidas em Vigilância em Saúde, com foco no enfrentamento da COVID – 19 (1º CONVIVS) do Ministério da Saúde.
Confira a seguir, as mídias para leitura produzida pelos alunos:
História em quadrinhos
Cartaz/informativos
Dinâmica para ensinar aos alunos a forma correta da higienização das mãos
Doença de Chagas - o que é e como evitar
Texto: Marília Jardim (Ascom Uepa) com colaboração de Raquel Brasil (Ascom Uepa)
Foto: Marília Jardim (Ascom Uepa)