Centro de Ciências alerta sobre poluição luminosa

Enviado por Anônimo (não verificado) em Sex, 23/09/2016 - 12:41
Preservar a observação do céu noturno e sua magnitude, multiplicando o conceito entre todos. Esse foi o legado que os visitantes levaram do Centro de Ciências e Planetário da Universidade do Estado do Pará (Uepa), após a programação de ontem, 22 de setembro, em celebração a 10º Primavera dos Museus.
 
O céu noturno: patrimônio natural e cultural em risco foi o tema não só do evento, mas também do bate-papo inicial pela manhã com a diretoria do Centro, Sinaida Vasconcelos. A diretora destacou de maneira geral alguns efeitos da poluição luminosa, causados pela iluminação artificial. Ela usou vídeos ilustrativos e também abordou o céu noturno como museu. “O céu noturno é um patrimônio que possui um acervo muito rico e precisa ser cuidado. É importante plantar essa semente para que as futuras gerações não sejam comprometidas com a observação astronômica, com a biodiversidade e até mesmo com a saúde”, explicou.
 
Ainda de manhã, os visitantes conheceram o Planetário e enriqueceram os conhecimentos sobre os astros, estrelas, planetas, etc. O aluno do convênio, Samuel Souza, de 17 anos, contou que pretende se tornar astrofísico futuramente. “Vou fazer vestibular para física e futuramente me tornarei astrofísico, pois adoro estudar isso. Acredito que o céu noturno é um patrimônio que está livre para ser admirado e precisa ser valorizado. Se todos tiverem consciência, pelo menos utilizando lâmpadas direcionadas para o chão, já reduz a poluição luminosa que existe”, disse ele.
 
O evento reiniciou à tarde com a palestra “Poluição luminosa e os efeitos sobre as espécies e os ecossistemas”, ministrada pelo biólogo do Centro, Thomaz Carneiro. Ele pontuou exemplos prejudiciais de poluição luminosa presentes no cotidiano, ainda desconhecidos pelas pessoas. “Pude dar vários exemplos de como a poluição luminosa afeta a vida. Nós humanos somos bombardeados de luz e acabamos nos acostumando, mesmo que isso nos cause malefícios. Aos animais, posso citar o que acontece com as tartarugas marinhas, que ao invés de seguirem o brilho da lua em direção ao mar acabam indo para as cidades, atraídas pela iluminação artificial, causando uma mortandade dessa espécie”, explicou o biólogo. 
 
Em seguida foi à vez do acadêmico do curso de Física da Uepa e ex-estagiário do Centro, Arthur Costa, explorar os efeitos da poluição luminosa e a observação astronômica amadora e profissional. “Geralmente a poluição luminosa afeta não só a astronomia, mas também a biologia, a física e a economia, devido aos gastos elevados das cidades com iluminação artificial. Aos profissionais ainda é possível estudar e pesquisar os astros, devido à capacidade de alcance dos equipamentos. Aos amadores, uma das saídas que citei é observar o céu do alto dos prédios, fugindo da iluminação das ruas. Preservando o céu noturno, preservam-se também os vários tipos de astrônomos”, contou o estudante, que está preste a outorgar grau.
 
Os participantes do III Fórum de Extensão da Uepa, que ocorria no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), se juntaram ao público no Planetário e participaram da sessão de cúpula e observação astronômica. A graduanda de Letras Libras da Uepa, Larissa Palheta, 22 anos, falou sobre a primeira experiência na Cúpula. “Sou da cidade de Vigia e lá sempre observei o céu estrelado, devido à poluição luminosa ser bem menor. Hoje eu pude conhecer o céu noturno de maneira específica e me encantei durante a sessão”, revelou Larissa.
 
Já a visitante Adriana Santos, de 33 anos, se emocionou no primeiro contato com os astros. “É a primeira vez que venho ao planetário e me emocionei durante a sessão de cúpula, conhecendo o céu noturno de verdade. Na observação pude ver o planeta Saturno e também achei lindo demais. Espero que todos saiam daqui querendo cuidar melhor desse nosso patrimônio que é o céu noturno”, concluiu Adriana.
 
 
Texto: Rafael Dias
Foto: Nailana Thiely