Cineclube encerra atividades de 2015 no Olympia

Enviado por Ize Sena em Qua, 25/11/2015 - 21:00
Caçula entre os dez irmãos, o pequeno Roberto Carlos Ramos, aos seis anos, foi deixado pela mãe na Fundação Estadual Para o Bem Estar do Menor (Febem). Ela tinha a esperança que a instituição garantiria o futuro do filho. Com o decorrer dos anos, Roberto percebeu que a Febem era totalmente diferente do que pensava. Ele era torturado, humilhado e perdeu a infância. Fugiu várias vezes. Na adolescência foi considerado “irrecuperável”. 
 
As atitudes revoltadas do garoto chamaram a atenção da pedagoga francesa Margherit Duvas. Ela o acolheu. Deu casa, alimento e educação. Roberto cresceu. Tornou-se pedagogo e retornou a Febem. Só que dessa vez para trabalhar e usar o talento de contar histórias para as crianças internas. A história real do jovem retratada no filme 'O Contador de Histórias' foi exibida na tela do Cine Olympia, na tarde de ontem (24), durante a última sessão de 2015 do Projeto Cineclube. 
 
 
 
Cerca de 150 estudantes do ensino fundamental e médio das Escolas Gabriel Lage da Silva, Honorato Filgueiras, Vera Simplício e Instituto de Educação do Pará (IEP) assistiram a produção cinematográfica brasileira. A pró-reitora de Extensão, Mariane Franco, destacou que o filme teve a finalidade de sensibilizar a plateia. “Se trata de uma história de superação de um adolescente em relação a vida. As crianças e adolescentes gostaram. Eles todos ganharam certificados pela participação”. 
 
Ao término da sessão, o membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) e da Academia Paraense de Ciências (APS), Arnaldo Correa Prado Junior, foi convidado a promover um bate-papo com os estudantes. Arnaldo ressaltou que educar é uma arte assim como o cinema. “Educar é arte e cinema se faz com emoção. Esse filme tem dois sentidos importantes. O primeiro é que se trata de um filme brasileiro e o outro é que aborda a questão da educação”. 

O crítico de cinema abriu espaço para que os estudantes pudessem relatar o que entenderam do filme.  Izabelly Cris Monteiro Teixeira, 14, foi a primeira a comentar. “Ele mudou toda a vida dele. O pensamento que a mãe tinha de que na Febem teria uma vida melhor não ocorreu. Mas o destino permitiu que ele tivesse outro caminho”, conta. 
 
O estudante Augusto da Silva Gaspar, 12, achou interessante o fato de uma mulher ter confiado em um menor de idade, que aparentemente não tinha futuro. “Quando ele estava na Febem, pensava que não ia ser ninguém na vida. Seria ladrão. Ele conheceu aquela moça e ela ajudou ele”, diz. 
 
O programador do Cine Olympia e também membro da ACCPA, Marcos Antonio Moreira, frisou que o filme emociona, pois mostra uma realidade próxima dos brasileiros. “O cinema é uma arte que vê o nosso cotidiano. Esperei que o filme despertasse a curiosidade dos estudantes”. 
 
No ano de 2015, o Cineclube realizou exibições itinerantes abrangendo todos os Centros da Universidade em Belém e nos demais campi. A ideia foi democratizar os espaços em torno da Uepa e envolver de maneira mais eficaz os alunos de todos os cursos de graduação, pós-graduação, professores, servidores e toda a comunidade externa. 
 
Texto: Renata Paes
Fotos: Bianca Almeida