Comunidade marca presença no Planetário de Portas Abertas

Enviado por Anônimo (não verificado) em Sex, 07/10/2016 - 18:46
Um percurso pelas ciências e uma viagem imaginária pelo espaço sideral, ambos abertos a quem quiser embarcar. Essa é a síntese da programação do Planetário de Portas Abertas, um dia promovido pelo Centro de Ciências e Planetário, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em alusão à Semana Mundial do Espaço, comemorada por observatórios, museus e planetários em todo o mundo. O Planetário abriu as portas nesta sexta-feira, dia 7 de outubro, para toda a comunidade, convidando-a ao engajamento nas muitas atividades ofertadas e na difusão da cultura científica.
 
 
Quem foi nesta manhã ou tarde ao Centro, pôde conferir de perto vários experimentos, além de materiais e recursos lúdico-pedagógicos. Divididas de acordo com os âmbitos de conhecimento com que o Planetário trabalha, foi possível ver as áreas da Matemática, da Física, da Geologia, da Química, da Astronomia e mais quatro áreas da Biologia, que são Evolução, Biodiversidade, Meio Ambiente e Saúde. Esses espaços fazem parte de um processo pedagógico não formal, no qual a educação é pensada de um modo não somente expositivo, mas interativo e voltado a despertar o interesse nessas ciências, tanto entre crianças quanto entre jovens e adultos.
 
Além disso, a programação contou com duas sessões da Cúpula Kwarahy, às 10h e às 16h, em que a comunidade pôde participar de uma viagem que vai do sistema solar e, entre constelações e outros corpos celestes, chega a galáxias distantes, para então voltar para a Terra. A Cúpula do Planetário tem espaço para 105 pessoas, passou por atualizações, foi reinaugurada em maio deste ano e continua fascinando a todos que se deparam com a imensidão do espaço descoberto e dado a conhecer pela ciência.
 
Entre as pessoas que saíram maravilhadas está a dona de casa Vanessa Pantoja, moradora do Tapanã, que participou da programação com o marido e os filhos de 3 e 5 anos. “Nós sabíamos que havia visitação. Viemos ontem e fomos informados de que hoje haveria essa programação. Chegamos uns 15 minutos antes, porque nossa intenção era vir na Cúpula, pois já havíamos visitado. Quando eu era criança, vim três vezes ao Planetário em passeio escolar e, hoje, anos depois, foi bem interessante, pois houve mesmo aquela sensação de que estamos em uma nave, com rotação, da qual gostei muito”, diz Vanessa.
 
De acordo com a diretora do Centro de Ciências e Planetário do Pará, Sinaida Vasconcelos, a expectativa para hoje é de cerca de 150 pessoas frequentando o espaço. O Centro participa anualmente da Semana Mundial do Espaço e em edições anteriores já ofertou oficinas, palestras e atividades especificamente voltadas para crianças. Neste ano, o formato da comemoração é o de fato abrir as portas e deixar a comunidade vir à vontade. “Esse ano marca a retomada das nossas atividades e pretendemos atender um número cada vez maior de pessoas, porque nossa missão é divulgar e popularizar a ciência. Por isso, optamos por fazer essa programação de portas abertas, um dia em que qualquer pessoa pode vir nos visitar livremente e ocupar nossos espaços de maneira gratuita”.
 
Andando entre os experimentos e materiais do Centro, era possível encontrar vários jovens de partes diferentes da cidade que já estiveram no Planetário quando criança. Entre eles estava a graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Marina Aline Osório, que veio do bairro do Guamá e soube do evento por meio do Núcleo de Astronomia da UFPA. “Vim quando era muito pequena, coisa de escola, ainda criancinha. Fazia muitos anos que eu não vinha aqui. Hoje me parece tão legal, até porque não lembrava de muita coisa, nem da frente do Planetário. Entrei aqui e fiquei fascinada, também porque está bem diferente, pois antigamente era mais voltado para Astronomia e hoje abrange as ciências de modo geral. Gosto muito dessa parte, mas confesso que gostei mais da parte de Biologia, com os fósseis, e da parte de Matemática”, conta a graduanda.
 
O esforço de que essa semana faz parte, no entanto, é maior, pois tem a ver com o papel da Universidade e do Centro em relação à realidade local. “Nós estamos em uma área periférica de uma capital, de um estado e de um país que também podem ser considerados periféricos, principalmente, no sentido da divulgação cultural e da cultura científica. Somos um país com poucos espaços de divulgação científica, como museus, centros de ciência e mesmo planetários, apesar do crescimento nas últimas décadas. Agora estamos em um segundo estágio, que é o de trazer as pessoas para cá. Nós ainda somos o único planetário fixo do Norte do Brasil e mesmo assim sofremos com uma demanda baixa”, explica Sinaida Vasconcelos. Além disso, a diretora ressalta que a Universidade precisa dialogar mais com essa comunidade de que faz parte, a fim de participar da construção de uma cultura científica, que tem a ver com perceber espaços, como o Centro de Ciências e Planetário, entendo-os como espaços de lazer, de cultura, de entretenimento e de aprendizado.
 
Texto: Sergio Ferreira Junior
Foto: Nailana Thiely