Cooperação luso-brasileira visa pesquisar plantas amazônicas

Enviado por Fernanda Martins em Seg, 21/11/2016 - 18:02

Para selar a parceria entre a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Universidade de Coimbra, em Portugal, a equipe do Herbário Profª. Drª Marlene Freitas da Silva (MFS) realizou durante todo o dia de hoje o Seminário Científico de Cooperação Luso Brasileira. Com o tema “Sóciobiodiversidade, Biotecnologia e Inovação em Saúde”, o encontro trouxe profissionais brasileiros e portugueses para debater as necessidades de pesquisa acerca da diversidade na Amazônia e de diálogo da ciência com os saberes tradicionais.

O seminário marca o aprofundamento de uma parceria que já vem sendo costurada há alguns anos. “Iniciei o contato entre a Uepa e a Universidade quando fui fazer meu pós-doutorado naquela instituição. O Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM) deles é uma referência em toda a Europa e desenvolve trabalho de pesquisa na Ásia e África. Todos se mostraram bastante interessados em conhecer mais sobre as plantas da Amazônia e dispostos a contribuir com seu know-how”, explicou a curadora do Herbário MFS, Flávia Lucas.

O encontro aproveitou a presença da professora doutora Maria da Graça Campos, da Universidade de Coimbra. Ela coordena o OIPM e pertence ao International Regulatory Cooperation for Herbal Medicines (IRCH), da Organização Mundial de Saúde (OMS). Campos abriu o evento com a conferência “Interações plantas-medicamentos: Sociedades e questões de Saúde”, onde abordou o tema do crescimento do mercado de remédios à base de plantas, muitos deles vendidos ao público como produtos milagrosos, mas elaborados sem nenhum conhecimento técnico e, por vezes incluindo até mesmo outras substâncias em sua formulação.

“Estas pessoas se aproveitam do imaginário popular acerca da medicina tradicional e agem de má fé. Não há preocupação nenhuma com o manejo das plantas, que muitas vezes acabam expostas à fungos, parasitas ou até mesmo à fermentação das substâncias, que podem fazer com que estes compostos tenham efeitos nocivos diversos”, expôs a pesquisadora.

Ela discorreu ainda sobre a medicina tradicional e a necessidade de um diálogo mais aberto com a ciência. “Precisamos aprender com aquilo que é designado como conhecimento tradicional. Tentar entender o uso das plantas nesses contextos. Só com pesquisas poderemos descobrir a aplicação de novas substâncias e capacitar os profissionais de saúde sobre essas técnicas, pois a sociedade merece o melhor atendimento que pudermos oferecer”, salientou. Cerca de 56% dos profissionais que trabalham terapias da medicina alternativa não possuem nível superior. “Profissionais bem formados são a base de um atendimento à população”, concluiu.

Um dos pesquisadores do Herbário MFS, o professor Seidel dos Santos, avaliou o seminário como um momento de congregação entre as Instituições e os pesquisadores. “O Herbário possui coleções de referência, por isso temos muito a colaborar nessa parceria. Essa é a hora de congregar e fortalecer as ações de pesquisa sobre a Amazônia”, disse.

 

Texto: Fernanda Martins

Foto: Mácio Ferreira