O rabino e mestre, Joseph Saltoun, ministrou a palestra Kabbalah e a Ciência Espiritual no dia 8 de março, no auditório Paulo Freire do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), da Universidade do Estado do Pará (Uepa). O evento, promovido em parceria pela graduação e pós-graduação em Ciências da Religião, é uma das atividades de extensão que visam trazer convidados de diferentes doutrinas.
“É uma oportunidade de formação para os nossos alunos, que se estende a outros cursos e para a comunidade externa à universidade. Além de ter contato com o que é desenvolvido na área essas ações permitem o conhecimento sobre diversas filosofias”, explicou a docente Rosilene Quaresma, da equipe de organização do evento.
O palestrante Joseph Saltoun ensina Kabbalah há mais de 30 anos. Atualmente reside no Canadá e orienta grupos de estudo em diversos países. Está no Brasil para cumprir agenda de visitas a cinco cidades: Belém (PA), Brasília (DF), São Paulo (SP), Vitória da Conquista (BA) e Porto Alegre (RS). O roteiro é para apresentar o curso Kabbalah, baseado em seu livro Árvore da Vida.
Durante a palestra, Saltoun apresentou a origem judaica da Kabbalah, iniciada com o casal Abraão e Sara, há mais de três mil anos. O casal escreveu um livro com apenas três páginas que, segundo o mestre cabalístico, originou todo o conhecimento do universo. Em determinados momentos da história esse conhecimento foi ocultado e marginalizado, mas reaparece na atualidade.
Diante das grandes dúvidas filosóficas da humanidade, a Kabbalah vem ao encontro com as chamadas religiões da Nova Era que buscam a consciência transcendental, a meditação e outros aspectos espirituais para conectar o ser humano com o sagrado. “Nossa geração é a do conhecimento, mas precisamos de chaves para compreender os códigos cósmicos que se apresentam. A Kabbalah busca ajudar o homem a se iluminar, livrando-o do medo”, afirmou Saltoun.
Zohar na Amazônia – Para os adeptos da Kabbalah, os livros vão além da natureza material e possuem características espirituais pela capacidade de registrar o conhecimento de quem os escreve. O Zohar, em especial, tem um caráter considerado sagrado. Trata-se de uma coletânea composta de 23 volumes escrita há dois mil anos, redigido originalmente em hebraico e aramaico e traduzido para o inglês e espanhol.
Acredita-se que os livros são capazes de influenciar o curso natural dos acontecimentos de forma positiva. Por isso, durante o evento ocorreu a cerimônia de entrega oficial dos Zohars para nove instituições locais, integrando o Projeto Zohar na Amazônia. De acordo com a coordenadora do Grupo de Estudos Kabbalah e Amazônia, Vera Santos, a prática é recente e desenvolvida por grupos descentralizados. O objetivo da visita de Saltoun também é aproximar esses grupos para fortalecer a Kabbalah na região.
A coordenadora da licenciatura em Ciências da Religião, Taíssa Tavernard, finalizou o evento e enalteceu a presença do rabino. “Agradecemos a palestra que nos abrilhantou a manhã, a doação do livro sagrado e principalmente pela escolha da nossa casa, da nossa universidade, como ponto de encontro das instituições na Amazônia”, frisou.
Gabinete – Após o evento, o rabino foi recebido pelo reitor da Uepa, Juarez Quaresma. A visita institucional buscou fomentar a disseminação de estudos sobre a Kabbalah na universidade. “É um tema muito rico para agregar conhecimento para as linhas de pesquisa em Ciências da Religião. Já temos o mestrado na área que tem potencial para evoluir para Doutorado”, afirmou o reitor. Eles iniciaram o diálogo para implantar um curso de hebraico para a comunidade acadêmica e firmar parceria para a realização do III Congresso Brasileiro de Kabbalah, previsto para 2018.
Texto: Dayane Baía
Fotos: Nailana Thiely