Manejo sustentável de resíduos é tema de curso ofertado por Uepa e IPT

Enviado por nailanathiely em Qua, 13/11/2019 - 12:50
Aproximar a sociedade e as pesquisas tecnológicas, dividir conhecimentos e experiências sobre a destinação sustentável de resíduos da mandioca em ciclos de produção e circulação, bem como amparar ações voltadas ao auxílio de pequenos e médios produtores de mandioca do Estado, em áreas urbanas e rurais, são os objetivos do curso Tecnologias de Tratamento de Águas e Resíduos, realizado por profissionais do Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT), do dia 4 até o próximo dia 14 de novembro, no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT), da Universidade do Estado do Pará (Uepa). 
 
O curso é ministrado pela diretora do Centro de Tecnologias Geoambientais e pesquisadora no Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas no IPT, Cláudia Teixeira, e pelo doutor em Engenharia Civil e pesquisador do IPT, Luciano Zanella, por meio do Termo de Cooperação Técnica assinado entre Uepa e IPT, durante o XVII Congresso Brasileiro de Mandioca, ano passado, em Belém.
 
O Termo tem a duração de cinco anos e garante a mútua cooperação técnica, científica e acadêmica para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão entre IPT, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e o curso superior de Tecnologia em Alimentos da Uepa, garantindo auxílio científico por meio de treinamentos, intercâmbios e consultorias. Voltado para professores e pesquisadores das áreas de Ciências Ambientais e Tecnologia de Alimentos, o primeiro curso resultante desta parceria pretende oferecer uma visão abrangente sobre manejo de águas e demais resíduos, incluindo aspectos normativos e tecnológicos de processos de tratamento, aliado aos conceitos de sustentabilidade, considerando a viabilidade econômica, social e ambiental.  
 
A pesquisadora do IPT, Cláudia Teixeira, aborda no curso tópicos de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Para ela, a principal contribuição que esse tipo de conhecimento pode trazer para a região é enxergar as possibilidades de integração da sociedade no manejo sustentável de resíduos orgânicos, tanto domésticos quanto da agroindústria, de forma a fechar ciclos de aproveitamento, sem o despejo arbitrário no meio ambiente. “Neste curso, expomos nossa experiência de aproveitamento de água residuária da produção da fécula de mandioca, transformando as lagoas de estabilização em biodigestores. A economia circular é uma alternativa de agregação de valor a estes resíduos, uma abordagem mais sustentável, que gera receita e emprego. O objetivo é adaptar esta expertise à realidade da região”, disse.
 
Além da abordagem teórica, o curso inclui visitas técnicas a produtores de farinha e derivados da mandioca. Luciano Zanella é o responsável no curso pelos tópicos de tratamento de efluentes, que são resíduos provenientes das indústrias, dos esgotos e das redes pluviais, lançados no meio ambiente na forma de líquidos ou de gases. Para ele, a produção regional de farinha pode ser melhor adaptada para aproveitamento de resíduos. “Apesar do engajamento de profissionais e poder público local, verificamos que há melhorias que podem ser implantadas neste ciclo de agricultura de mandioca. Fomos visitar algumas farinheiras e verificamos que alguns esgotos gerados são lançados no próprio terreno. A forma como esse despejo vem sendo feito pode receber intervenção da universidade de forma a evitar contaminações do solo, gerando melhorias na saúde da população”, avaliou.
 
Os desdobramentos práticos dos conhecimentos adquiridos no curso buscam envolver estudantes e professores em pesquisas aplicadas a pequenos e médios produtores de derivados da mandioca. Para o próximo ano, no âmbito do convênio, está prevista a busca de recursos para financiamento de projetos de pesquisa, selecionados por meio de edital.  Há também uma parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) para a articulação com comunidades e produtores locais.
 
Para o professor Werner Terrazas, coordenador do convênio Uepa/IPT, a expectativa é que o curso ofereça uma base para a criação de projetos para o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e dissertações de mestrado da Universidade. “A principal demanda das unidades de processamento de farinha da região é o destino adequado para os resíduos. Este curso  fornece conhecimentos para uso de água e outros recursos dentro de certos padrões de qualidade, gerando efluentes e resíduos com padrões de qualidade que permitam sua disposição final com impactos dentro de limites aceitáveis”, concluiu.
 
 
 
Texto: Nailana Thiely/ Ascom Uepa
Fotos: Nailana Thiely/ Ascom Uepa e Luciano Zanella/IPT