Mecanismo identifica grau de fadiga em pacientes com câncer

Enviado por Anônimo (não verificado) em Qui, 06/10/2016 - 13:36

Dormir uma noite inteira e no outro dia acordar cansado, não conseguir realizar atividades diárias, como tomar banho e se vestir, devido à exaustão.  Essa é a rotina de 72 a 95% dos pacientes que tem fadiga oncológica e recebem tratamento contra o câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer nos Estados Unidos (Latin America Cancer Research Network).

O motivo do cansaço excessivo seria a diminuição significativa na capacidade funcional, levando a perda elevada da qualidade de vida. Uma das maneiras utilizadas para medir o grau de fadiga dos pacientes oncológicos é o Pictograma, conjunto de figuras que expressa quão cansada a pessoa se sentiu na última semana, e a sensação de cansaço que a impede de realizar as tarefas. O paciente aponta a figura que mais se assemelha a forma como tem se sentido. A partir da resposta, o profissional da saúde traça o diagnóstico.

O acadêmico do 10º semestre de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (Uepa) Gabriel Augusto Cordeiro dos Santos, 23 anos, junto com a doutora em Enfermagem Fundamental Mary Elizabeth de Santana, desenvolveram a pesquisa “Pictograma da fadiga: avaliando o tempo para o uso da ferramenta”. O estudo destaca os benefícios do uso da ferramenta, ainda pouco utilizada no Brasil.

De acordo com a pesquisa, o tempo de duração reduzido do exame e consequentemente a rapidez do resultado são as vantagens de utilizá-lo. “Tem outras ferramentas que mensuram a escala de fadiga, mas elas levam mais tempo de aplicação, em torno de 30 minutos. O Pictograma da Fadiga demora de cinco a dez minutos para ser realizado. Ele também pode ser aplicado com pessoas que não sabem ler e idosos, devido as figuras”, explica Gabriel.

De acordo com o Consenso Brasileiro de Fadiga, vinculado a Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), pacientes oncológicos podem viver menos, se não diagnosticados e tratados o quanto antes do cansaço excessivo. O acadêmico reforça os benefícios do mecanismo de identificação do grau de fadiga. “O benefício é que todos os pacientes dentro de uma clínica oncológica possam ser diagnosticados em tempo reduzido, já que as outras técnicas exigem muito tempo. Ela poderia ser usada de forma rotineira com todos os pacientes, para saber quais precisam de uma avaliação mais profunda”, frisa ele.

 Para a professora Mary, por se tratar de uma ferramenta recente, ainda não há tantos adeptos em utilizá-la. A escala visual de avaliação de fadiga oncológica foi criada pela canadense Margaret Fitch e validada no Brasil em 2009, por Dálete Mota, da Universidade de São Paulo (USP).  “Ainda estão se desenvolvendo estudos sobre.  Foi validada em 2009, mas ainda não era utilizada”, destaca a professora.

Premiado

A pesquisa de Gabriel e da professora Mary Elizabeth  ganhou o segundo lugar no Prêmio Dr. Antonio Dino de Incentivo à Pesquisa em Oncologia. A premiação fez parte do IV Congresso de Oncologia do Hospital do Câncer Aldenora Bello, realizado no Maranhão, dias 15,16 e 17 de setembro. Gabriel submeteu o resumo da pesquisa, foi convocado para apresentação oral e saiu do evento com o trabalho reconhecido.

“ O trabalho apresentado no Congresso buscou mensurar o tempo necessário para a utilização do Pictograma da Fadiga. Para isso foi realizada consulta com acadêmicos de Enfermagem e enfermeiros para avaliar o tempo que os mesmos levariam para utilizar a ferramenta. Os resultados indicam que o Pictograma é uma ferramenta viável, que demanda pouco tempo e é fácil de ser utilizada. O objetivo futuro é integrar a avaliação de fadiga com o pictograma na assistência prestada as mulheres com câncer de mama”, diz ele.

Texto: Renata Paes