Mestrados da Uepa contribuem para a qualificação na região Norte

Enviado por Anônimo (não verificado) em Dom, 16/02/2014 - 00:00
Diferentemente do que acontece em outras regiões do país, onde o índice de evasão de cursos de mestrado pode chegar a até 70%, no Pará, a realidade é diferente. É o que mostra, por exemplo, a experiência da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que saiu de apenas um programa de mestrado em 2009 para oito em 2013. Na Uepa, o índice de evasão, de 14%, é considerado baixíssimo. Já a concorrência para o ingresso nesse tipo de curso pode chegar a 40 candidatos por vaga, assemelhando-se e até ultrapassando, em alguns casos, a marca dos vestibulares mais disputados do Estado.
 
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uepa, Jofre Silva, a situação se deve à grande necessidade por esse tipo de qualificação na região Norte, onde estão localizados apenas 4% dos programas de mestrado de todo o Brasil, segundo levantamento de 2009 do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
 
“Para se ter ideia, nos nossos cursos de mestrado, oferecemos, em média, entre doze e 20 vagas, e o número de inscritos, também na média, passa de 200. O mestrado em educação, por exemplo, oferece 20 vagas, e o número de inscritos para a seleção passa de 800 candidatos. Ou seja, a demanda é muito grande. Isso acontece porque, embora tenha havido um crescimento de programas de mestrado na região nos últimos anos, muito mais do que em qualquer outra, ainda estamos muito aquém da necessidade real”, destaca Jofre Silva.
 
Citando o estudo do CGEE, o pró-reitor diz que, dos mais de dois mil programas existentes no país, a região Norte conta com apenas 119, ou seja, pouco mais de 4%. “Se formos analisar o número de mestres titulados, levantado por esse mesmo trabalho, dos 332 mil registrados no Brasil entre 1996 e 2009, apenas sete mil foram computados na região Norte, ou seja, só 3,6%, o que ainda é muito pouco e está diretamente relacionado à quantidade de cursos de mestrado que são ofertados”, acredita.
 
Se, por um lado, a região ainda precisa avançar muito no número de programas e vagas, por outro, aqueles que conseguem ingressar em um programa costumam agarrar com unhas e dentes a oportunidade, o que faz com que o índice de evasão seja tão pequeno. “A maioria dos nossos alunos não é bolsista; são pessoas que estão no mercado, mas que, mesmo assim, conseguem conciliar trabalho e estudo. Aqueles que não conseguem levar as duas coisas acabam, quase sempre, optando pelo mestrado”, relata Jofre. “Hoje o mestrado é uma qualificação importante para quem está no mercado de trabalho. Há uma significativa melhoria de vida dos profissionais que concluem o curso, incluindo aumento salarial”, completa.
 
Docência – Foi o que fez, por exemplo, a turismóloga Glauce Vitor, 27 anos. Há cinco anos, logo depois de terminar a graduação, ela entrou em uma especialização e começou a dar aulas para o nível superior. De olho na carreira acadêmica, decidiu buscar o aperfeiçoamento em um curso de mestrado. Fez a seleção para ciências ambientais, na Uepa, e agora está concluindo o curso, com a defesa da dissertação marcada para a próxima semana.
 
Para poder se dedicar à universidade, onde ganhou uma bolsa de estudos, no entanto, ela precisou deixar o emprego. A decisão, segundo ela, foi bastante tranquila. “Como queria seguir a carreira acadêmica, logo vi a necessidade de me qualificar. Na época da especialização, consegui conciliar com o trabalho, mas o mestrado não deu. Contudo, tive todo o apoio da Uepa durante o curso. Além de ser bolsista, como aconteceu com a minha turma inteira, ainda contamos com ajuda de custo para o desenvolvimento das pesquisas, o que fez com que eu notasse uma grande diferença entre a graduação, que não fiz na instituição, e a pós, por exemplo”, conta a jovem, que agora quer seguir para o doutorado.
 
Direcionamento – Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uepa, na instituição ainda existe outro tipo de mestrado, o profissional, voltado exatamente para quem está no mercado de trabalho. Esse tipo de programa foi criado no país em 1999, com o objetivo de formar mais rapidamente e com um direcionamento mais prático do que o mestrado acadêmico. A Universidade do Estado já conta com dois programas dessa natureza: cirurgia e pesquisa experimental e ensino em saúde. “Essas pesquisas nem sempre são voltadas para gerar uma tese, mas sim produtos técnicos que esses profissionais consigam usar na experiência profissional”, pontua.
 
Para contribuir com o aumento dos programas de mestrado na região, a Uepa tem unido esforços a outras instituições no sentido de pleitear, junto ao Ministério da Educação (MEC), a criação de programas e alternativas de fixação de doutores na região, uma vez que só é possível a criação de cursos de mestrado quando há um corpo de doutores já consolidado e produzindo em determinada área de atuação.
 
“Em 2009, a Uepa tinha apenas um programa de mestrado. Hoje já temos oito, então houve um crescimento muito grande na quantidade de pós-graduações na instituição. Temos também um programa de qualificação muito forte, incentivando os nossos professores ao mestrado e doutorado, concedendo bolsas e licenças, além de cursos interestaduais. O fato é que, para haver cursos de mestrado, é preciso ter muitos doutores, o que demora, já que a formação de um doutor leva pelo menos quatro anos”, avalia o pró-reitor.
 
Por isso, explica ele, o fórum de pró-reitores da região Norte apresentou ao MEC um programa que estimula a fixação de doutores na região, com incentivos como bolsas e infraestrutura de pesquisa. “É apenas quando há certa quantidade de doutores que podemos provocá-los a criarem novas propostas de cursos mestrado. É assim que tem dado certo aqui na Uepa”, explica Jofre Silva.
 
Texto:
 
Elck Oliveira
Secretaria de Estado de Comunicação