Em 2014, após sair do emprego, a publicitária Samara Sousa, 29 anos, decidiu investir no próprio negócio. Diante da crise hídrica que São Paulo vivia, ela observou como microempresários inovaram e dominaram o mercado por meio da lavagem ecológica de veículos. A publicitária decidiu apostar na mesma ideia em Belém. Abriu um empreendimento que tinha como diferencial o não desperdício de água, preservação do meio ambiente, e a utilização de produtos biodegradáveis para a limpeza dos carros.
O material, produzido fora do Brasil, exigiu altos investimentos. Mas infelizmente, o negócio completou um ano e preciso fechar as portas. Samara se deu conta que na capital paraense, era difícil convencer um cliente a pagar R$40 por uma lavagem completa sem desperdício de água, enquanto ele poderia pagar R$ 10 por um serviço que utiliza água.
“ Não existe conscientização sobre o desperdício de água. Para lavar um veículo pequeno, os lava-jatos chegam a desperdiçar 300 litros de água. Os produtos que eu utilizava eram da cera de carnaúba, produtos biodegradáveis. Não deu para competir. Foi bastante difícil não ceder ao mercado tradicional. Até que eu decidi fechar”, contou Samara durante o minicurso Marketing Ambiental: uma ferramenta estratégica para organizações empresariais.
Samara é uma das cerca de 200 pessoas, entre graduados, graduandos e estudantes do ensino médio, que por uma semana decidiram trocar os convidativos passeios de férias, para expandir ideias e obter conhecimento nos minicursos e oficinas da II Semana de Integração da Pós-Graduação em Ciências Ambientais. A programação se iniciou ontem, 4 de julho, e segue até sexta-feira,8, no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Universidade do Estado do Para(Uepa).
Samara foi uma das inscritas no minicurso de Marketing Ambiental, ministrado na manhã desta terça-feira(5), pela mestranda de Ciências Ambientais e especialista em Gestão da Educação, Dione Gutierrez. A ministrante reforçou o conceito de Marketing Ambiental, deu exemplos de empresas nacionais que trabalham com esse tipo de marketing, mostrou campanhas de sucesso e de fracasso, destacou a importância do selo verde nos produtos, e organizou uma dinâmica de grupo em que os participantes teriam que convencer os demais a comprarem produtos saudáveis.
Dione também trouxe para debate exemplos de empresas que iludem o consumidor sobre o fato de se preocuparem com o meio ambiente, mas que no fundo, não fazem mais do que a lei prevê. “Muitas empresas tentam vender um produto que não é ecologicamente correto. Usam mais energia na produção, trabalho infantil. O consumidor acaba sustentando essa maquiagem por não participar do processo de produção e ter que confiar no que o rótulo da embalagem diz”, destacou a palestrante.
Eduardo Costa Filho, 41 anos, é engenheiro civil e se interessou em participar do minicurso, pois relata que a construção civil precisa aprender a reutilizar os resíduos gerados. “ Eu tenho uma empresa de fiscalização de obras. Eu sempre procuro opções para melhorar, não só na questão ambiental mas para minha própria empresa. A construção não tem como deixar de gerar resíduos, a ideia então é como reutilizá-los”, frisa ele.
Em outra sala, o geógrafo especialista em Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, Leonardo Sousa, abordou o Uso de receptores GPS para o levantamento de campo de geoprocessamento. O minicurso focou no uso de GPS para precisos mapeamentos ambientais. Segundo ele, a ferramenta é frequentemente utilizada para trabalhos acadêmicos. Caso não operada nas configurações corretas, as possibilidades de erros em estudos e áreas são iminentes.
“Trabalhamos a configuração do GPS de navegação. O engenheiro ambiental que precisa, por exemplo, espacionalizar as nascentes de rios, vai utilizar esse aparelho. O profissional da área da saúde que precisa identificar onde ocorrem casos de Chikungunya, pode saber onde tiveram as manifestações da doença com a ajuda do GPS”, explica Leonardo.
Confira aqui a programação dos próximos dias
Texto: Renata Paes
Fotos: Nailana Thiely