Núcleo de Formação Indígena comemora 10 anos

Enviado por Marilia Jardim em Ter, 14/12/2021 - 13:34

O acesso à educação é um dos direitos da população indígena, incentivado e ofertado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Núcleo de Formação Indígena (Nufi), vinculado à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) que, em 2021, completa dez anos. A comemoração pela primeira década do Nufi foi realizada hoje, 14, no Auditório da Reitoria, com a participação do reitor da Uepa, Clay Chagas, da pró-reitora de graduação, Célia Virgolino, da coordenadora do Núcleo, Joelma Alencar, da coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, Aline Lima, da professora Eliete Solano, representando os docentes do curso, e Puyr Tembé, presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa).

A programação começou com
a apresentação de um vídeo institucional, seguida de um ritual da indígena Márcia Kambeba. Após a formação da mesa, foi feito um minuto de silêncio em homenagem às 1.241 vidas indígenas perdidas pela Covid-19. Foram nominados os professores que contribuíram com produções acadêmicas, científicas e pedagógicas realizadas ao longo dos dez anos, que englobam teses, dissertações e publicações. Também foram entregues placas de homenagem em diversas categorias para profissionais que contribuíram e apoiaram o Núcleo em dez anos de existência.

Puyr Tembé destacou que “nós construímos essa história. Dez anos não são dez dias, são caminhadas que não foram fáceis, foram difíceis, processos para que chegássemos a dez anos desse Núcleo”. Ela enfatizou que a conquista e a resistência do movimento indígena foram fundamentais, mas não seria possível sem as pessoas que acreditam na transformação e intercâmbio dos conhecimentos tradicionais e científicos.

A professora Eliete Solano, representante dos professores, ressaltou que esse é um marco na história do Pará. Célia Virgolino defendeu o direito de entrar na academia e parabenizou a Universidade pelo empenho e pela responsabilidade. A professora Joelma Alencar, coordenadora do Nufi, também destacou que essa construção coletiva foi uma demanda dos povos indígenas. “Foram eles que demandaram e até hoje demandam. Essa caminhada precisa continuar, apesar do contexto político em que vivemos”. Ela também agradeceu à professora Marília Brasil, ex-reitora da Universidade, que assumiu o compromisso e trouxe para a Uepa a responsabilidade de atender a formação dos povos indígenas.

O reitor da Uepa, Clay Chagas, enfatizou que a luta pela educação é constante e coletiva, e que a bandeira da educação precisa ser levantada no dia a dia, nas ruas e nos debates. “Temos um compromisso com os povos indígenas que precisam avançar em outros cursos e capacitações, como o caso das lideranças indígenas. Já temos quase tudo certo para levar o curso Técnico de Enfermagem para as aldeias, precisávamos fazer um curso que não existia na universidade e precisávamos pedir uma autorização para atender a demanda”.

O reitor também informou que na próxima semana, na última reunião do ano do Conselho Universitário (Consun), está prevista para ser aprovada a resolução que garente a oferta de cotas étnico-racial. “A partir desse momento, cada um dos povos indígenas que quiserem poderão fazer os cursos que essa Universidade possa ofertar. Terá vagas exclusivas para formar o engenheiro, o médico, o enfermeiro, o fisioterapeuta… No próximo vestibular essas ofertas serão disponibilizadas para que cada um e cada uma que aqui quiser fazer um curso de nível superior”.

Feliz com a comemoração, a professora Joelma destacou que esse é um momento de ampliação das demandas dos povos indígenas e que esse não apenas é um trabalho do ponto de vista do planejamento estratégico, mas, principalmente, pelo impacto social e pelos resultados obtidos, já que a formação de professores indígenas impacta positivamente na qualidade da educação. A criação do Comitê de Ética, por exemplo, que acolhe projetos com povos indígenas, atende a questão da ética em pesquisa dentro das especificidades dos povos indígenas. "Agora os indígenas são autores das suas próprias produções". Ao total já foram formados mais de 200 indígenas e no Programa de Mestrado foram defendidas 15 dissertações.

 

 

Texto: Marília Jardim (Ascom Uepa)

 

Foto: Nailana Thiely (Ascom Uepa)