Palestra sobre plantas medicinais e saúde abre Simpósio de Ciências Ambientais

Enviado por Ize Sena em Qui, 17/11/2016 - 00:48
O tradicional hábito de tomar chá, feito a partir de plantas, pode curar diversos males. Mas também pode ser um sério risco para a saúde do homem, pelo efeito nocivo da planta no organismo. O alerta é da professora da Universidade de Coimbra, em Portugal, e coordenadora do Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM), Maria da Graça Ribeiro Campos. A pesquisadora está em Belém e ministrou na noite desta quarta-feira, 16 de novembro, a palestra de abertura do V Simpósio de Estudos e Pesquisas em Ciências Ambientais na Amazônia.
 
Em sua apresentação, sob a temática Interações Plantas-Medicamentos: Sociedade e Questões de Saúde, Maria da Graça destacou que os estudos envolvendo plantas medicinais devem ser, sobretudo, divulgados entre a população que usufrui das ervas e vegetais, para que as usem com segurança. "Temos que ensinar a população a respeitar as plantas medicinais e parar com o chá para tudo. A questão é que chá é feito com planta medicinal e, portanto, tem efeito no organismo e nós não podemos ingerir qualquer coisa", alertou.
 
A pesquisadora também falou sobre saúde global e criticou o fácil acesso a medicamentos feitos com plantas, comercializados via internet, a um preço acessível. "Há venda  e estão disponíveis no mercado pelo 'Dr Google', onde nós vimos os sintomas, diagnosticamos e também os produtos. Estamos a condicionar a informação e a saúde das populações", frisou.
 
A noite de abertura do  V Simpósio também contou com o lançamento do livro Natureza e Sociedades: Estudos Interdisciplinares sobre Ambiente, Cultura e Religião na Amazônia, dos organizadores e professores da Uepa, Josias da Costa Júnior, Flávia Cristina Araújo Lucas, Manoel Ribeiro Moraes Júnior, e ainda dos professores da Universidade de Quebec em Montreal (UQAM), Jérôme Laurent e Robert Davidson. Este livro é a expressão de uma cooperação científica e interlocução nos estudos de religião entre os Programas de Pós-Graduação da Uepa (Ciências da Religião e Ciências Ambientais) e a UQAM. Nesse intercâmbio científico e cultural foram realizadas pesquisas, palestras, e atividades de campo, que percorreram rios e comunidades ribeirinhas amazônicas.  
 
V SIMPÓSIO
As atividades do V Simpósio, iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais - Mestrado, seguem nos dias 17 e 18 de novembro, no Centro de Ciências Naturais e Tecnologias (CCNT), o Campus V da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Ainda é possível se inscrever presencialmente para participar e obter certificação, mas o evento também é aberto para ouvintes.
 
"É um trabalho parta todos, as portas estão abertas. É um evento que trata da questão ambiental, mas que envolve várias áreas. Não somente os resíduos sólidos, o desmatamento. São as plantas, a saúde, a medicina tradicional, a cultura, a religião, a tecnologia, e uma interface com a humanidade. Isso vem ao encontro de uma coisa que a gente vê hoje, de os problemas não são somente resolvidos por uma única disciplina. A gente só consegue ver a solução de forma múltipla, com vários atores. Esse é o desafios e a atração do Simpósio, que é um inserção social da pós-graduação", afirmou o coordenador do Simpósio e do Mestrado, professor Altem Pontes.
 
Este ano, o V Simpósio registrou cerca de 500 inscrições e 300 trabalhos aprovados. A pesquisa do aluno de Ciências Naturais - Química da Uepa, Wilson de Lima, foi um dos trabalhos aceitos pela comissão científica e apresentado no primeiro dia do evento.  O estudante expôs um resumo sobre a ordem das borboletas e das mariposas, a partir do acervo da Coleção Zoológica da Uepa.
 
"Escolhemos o evento para divulgar os materiais que a gente tem. A Coleção é nova, tem apenas sete anos, mas usamos os dados e fizemos o mapeamento da ordem Lepidoptera e as famílias reincidentes na região. Encontramos em vários municípios, entre eles, Salvaterra, Benevides, Paragominas, Castanhal, mas com maior incidência na região metropolitana. Percebemos que o número de espécimes se amplia fora da região sede e assim a gente pode mapear onde certas espécimes tem maior prevalência. Para trabalhos futuros, a gente já vai perceber algo que faz diminuir,se é um predador ou a ação do homem", detalhou Lima.
 
Com tema Impactos Ambientais das Atividades Humanas, o evento oferta ao público sete oficinas e dois minicursos, além de, pela manhã, painéis com pesquisadores locais e nacionais sobre  o meio ambiente e as diversas áreas das Ciências (Biológicas; Agrárias; Exatas, da Terra e Engenharias; Humanas e Sociais Aplicadas). À tarde, é a vez das conferências, palestras e lançamento de livros de professores da Uepa, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 
 
 
 
Texto: Ize Sena
Fotos: Mácio Ferreira