Pesquisa da Uepa analisa o desenvolvimento de bebês prematuros, em Marabá

Enviado por Rebeca Costa em Ter, 31/08/2021 - 12:00

Com foco no desenvolvimento saudável de crianças prematuras, os alunos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Marabá, elaboraram o projeto de pesquisa Influência de Fatores de Risco e Qualidade de Interação Mãe-Bebê no Desenvolvimento Prematuro, orientado pela professora Ivete Caldas, com a participação dos estudantes do curso de Medicina, Pedro Victor e Anderson Braga. 


O estudo, realizado no Laboratório de Desenvolvimento Infantil (Ladin), vinculado ao curso de Medicina, no Campus VIII, ocorreu de 2018 a 2020 e analisou o desenvolvimento de prematuros durante o primeiro ano de vida. Participaram da pesquisa oito mães com seus filhos, nascidos entre 36 e 37 semanas, com peso de aproximadamente 2,5 kg.

Os recém-nascidos que integraram a pesquisa estavam internados na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) do Hospital Materno Infantil (HMI), no município de Marabá, e foram selecionados antes de receberem alta hospitalar. Professora Ivete, também coordenadora do Ladin, esclarece que ainda no hospital as mães foram informadas sobre o objetivo da pesquisa e o cronograma de sessões, que ao longo do primeiro ano de vida das crianças, só foi implementado após a assinatura do termo de concordância pelas participantes. 

Teste de Denver 
O primeiro passo para selecionar os bebês foi a coleta de dados por meio da ficha clínica e socioeconômica, que fornece dados de identificação da mãe, do cônjuge e da criança. Depois, a equipe implementou o Teste de Denver, uma escala utilizada por profissionais de saúde, para avaliar e identificar crianças entre 0 e 6 anos de idade, com risco para Atraso do Desenvolvimento Neupsicomotor (ADNPM). "O teste baseia-se principalmente na observação da execução dos itens, e no relato dos pais, comparando o desempenho de uma determinada criança com o desempenho de outras crianças da mesma idade", explicam os especialistas. 

Assim, a triagem baseada nesse procedimento é
 dividida em quatro áreas: a pessoal-social, que envolve aspectos da socialização da criança dentro e fora do ambiente familiar; a motricidade fina, relacionada à coordenação olho-mão e manipulação de pequenos objetos; a linguagem, relativa à produção de som, capacidade de reconhecer, entender e usar a linguagem, e a motricidade ampla, que corresponde aos atos de sentar, caminhar, pular e aos demais movimentos realizados pela musculatura ampla.

A equipe detalhou que as atividades foram registradas em vídeo e ocorreram com sessões aos três, seis, nove e doze meses de idade dos pacientes. “As sessões tiveram em média duração de trinta minutos, divididos em três momentos, destinados a coletas de informações da mãe e do prematuro, análises do desenvolvimento infantil dos recém-nascidos e observação das interações livres entre as mães e os filhos", explicaram os pesquisadores.

Resultados 
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), só no Brasil nascem quase 300 mil bebês prematuros e essa condição é a maior causa de mortalidade infantil até os cinco anos de idade em todo o mundo. A pesquisa realizada no Ladin ressalta que com o avanço no atendimento neonatal, muitos bebês são capazes de sobreviver a esses partos. Por isso, no Laboratório, os alunos têm a possibilidade de realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão, com inovação na área de Neonatologia, Pediatria e Neuroeducação.  

Os resultados da pesquisa reforçam que o nascimento prematuro é o principal fator de risco para problemas neurocomportamentais, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com base nos dados levantados, a pesquisa também concluiu que, as mães mais velhas investem mais nos filhos em comparação com as mais jovens e que aquelas com mais responsividade, capacidade de responder de forma rápida e adequada ao que lhes era perguntado, poderiam influenciar no desenvolvimento sociocomunicativo e motor dos prematuros, melhorando o processo de interação mãe-bebê.

O acadêmico de Medicina Anderson Braga relatou sobre a relevância de reconhecer a prematuridade como um dos principais fatores de risco, visto que, com o resultado de pesquisas como esta, "milhares de bebês poderão ter um desenvolvimento saudável com mais qualidade de vida", comemorou. “Tive uma ótima experiência e prazer em participar como bolsista deste projeto de iniciação científica. Através dele pude aprender mais sobre o desenvolvimento infantil e sobre a importância do estímulo dos familiares, irmãos, pais, e principalmente da mãe, para o desenvolvimento do bebê prematuro”, avaliou o estudante. 

 

Texto: Rebeca Costa (Ascom Uepa)

Foto: Acervo do projeto.