Professora de Marabá é co-autora de artigo publicado em revista científica alemã

Enviado por Daniel Leite em Sex, 24/07/2020 - 18:53

 

A professora Luely Oliveira do Departamento de Ciências Naturais do Campus VIII da Universidade do Estado do Pará (Uepa), no município de Marabá, está realizando o seu pós-doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realizando pesquisas e integrando a equipe do grupo de pesquisa do Laboratório de Química Bioorgânica (LQBO) e no início deste ano publicou como co-autora a pesquisa “Aplicações recentes de porfirinas como fotocatalisadores na síntese orgânica: abordagens em batelada e fluxo contínuo” no prestigiado periódico científico alemão chamado Beilstein Journal of Organic Chemistry (BJOC) especializado em publicações na área da química, além da participação no 19º Boletim Informativo da Divisão de Química Orgânica da Sociedade Brasileira de Química que será distribuída neste mês de julho.

Acesse na íntegra o artigo (inglês)

A ideia do artigo nasceu de um convite do Prof. Timothy Noël que atuou como editor convidado de um volume especial sobre fotocatálise na revista científica alemã BJOC que foi recebida com muito orgulho pelos supervisores Dr. Timothy Brocksom e Dr. Kleber Oliveira do Laboratório de Química Bioorgânica.

“O grupo já tinha experiência com essas reações envolvendo oxigênio singlete, inclusive com vários artigos publicados sobre o assunto. Neste artigo em questão foi basicamente um update das aplicações mais recente sobre as temáticas das porfirinas, portanto, a participação nesta edição especial refletiu a relevância contida nas contribuições feitas para a literatura científica da área da química por meio das pesquisas, artigos e trabalhos produzidos nos últimos anos pela equipe de integrantes do LQBO e disponíveis na literatura científica da área ” comentou a co-autora, professora da Uepa e pós-doutoranda, Luely Oliveira.

As porfirinas, conforme relatado na pesquisa do artigo publicado pelo LQBO, fazem parte de uma classe de compostos nitrogenados cujo esqueleto principal encontra-se presente nos grupos heme da hemoglobina e existem quatro grupos heme em uma molécula de hemoglobina e cada um dos quais contém um átomo de ferro, portanto, as porfirinas são heterocíclicos aromáticos contendo quatro unidades pirrólicas unidas através de pontes meso-metínicas (CH). 

Muitas reações nos laboratórios são realizadas em pequenas escalas e, em muitos casos, ao aumentar a escala da reação ocorre perda no rendimento, no entanto existem reações que se comportam muito bem sendo escalonadas, pois se configuram como um efeito positivo no quesito de rentabilidade do processo, principalmente, para a indústria em geral. Dessa forma, a pesquisa publicada na revista cientifica alemã, BJOC, procura destacar as reações que são possíveis de escalonamento, a partir do adicionamento das porfirinas, pois podem ser utilizadas em outras reações como catalizadores de grande eficiência.

A pós-doutoranda e professora da Uepa, Luely Oliveira aponta para a evolução das pesquisas na área da química e mais especificamente da fotoquímica entrelaçadas a evolução tecnológica que a humanidade atravessou e ainda atravessa. “O emprego de luz para promover reações orgânicas não é algo novo na literatura científica no campo da química, no entanto, essas reações forneciam os produtos desejados com baixos rendimentos ou misturas complexas de produtos de difícil separação devido ao setup utilizado, ou seja, irradiação direta em um balão, em outras palavras, a penetração da luz em um balão diminui com a distância e a luz só consegue ativar ou excitar as moléculas que estão na superfície do balão. Um exemplo mais pragmático para ilustrar é que antigamente era utilizada luz ultravioleta e hoje lâmpada de led, sendo assim, atualmente, é possível realizar essas reações em condições contínuas devido à tecnologia do fluxo contínuo, portanto, é nítido que as tecnologias melhoraram as nossas vidas, porém a busca por metodologias mais eficientes e sustentáveis com respeito à natureza tem motivado os químicos a estudar novamente o emprego da luz para promover reações orgânicas” afirmou.

Nas últimas décadas, pode-se dizer que a fotoquímica passou por um renascimento e muitos químicos orgânicos passaram a empregar reações fotoquímicas nas rotas de síntese de medicamentos, assim como, também, na síntese de novos compostos químicos e tudo isso, tão-somente, foi possível devido à expansão tecnológica que permitiu o desenvolvimento de reatores fotoquímicos mais eficientes. 

Toda aplicação industrial de catalisadores requer uma série de características específicas para ser considerado um bom catalisador na escala industrial e as porfirinas abordadas no artigo publicado pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Química Bioorgânica (LQBO) no periódico científico alemão chamado Beilstein Journal of Organic Chemistry (BJOC) apresentaram essas características e se enquadram no paradigma de produção industrial, onde tempo e quantidade são fatores relevantes, e as porfirinas demonstraram que permitem que seja utilizada uma quantidade baixa mantendo a um alto nível de eficiência das reações.

Texto: Daniel Leite Jr

Foto: Daniel Leite Jr / Laboratório de Química Bioorgânica (LQBO)/ Luely Oliveira