Quilombo de Pitimandeua recebe III Seminário Viva Palmares

Enviado por Daniel Leite em Ter, 30/11/2021 - 13:50

Diálogos sobre identidade, coletividades em movimento, reconhecimento e valorização da ancestralidade negra foram debates presentes em todas as rodas de conversas do III Seminário Viva Palmares realizado nos últimos dias 25 e 26, na comunidade quilombola Menino Jesus de Pitimandeua, no município de Inhangapi, nordeste do Pará.

Organizado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab), da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e do grupo de pesquisa Saberes e Práticas Educativas de Populações Quilombolas (Eduq), o III Seminário Viva Palmares celebrou os 50 anos do Dia da Consciência Negra. O objetivo foi expandir os debates sobre políticas públicas, desafios e avanços na luta quilombola no Estado do Pará, além de estimular a valorização da luta antirracista e dialogar sobre os dificuldades presentes na realização de pesquisa no que tange a educação quilombola.

Segundo o coordenador do Neab, diretor de Apoio à Extensão e idealizador do III Seminário Viva Palmares, Aiala Colares, é a primeira vez que o evento é realizado dentro de um território quilombola. “A realização deste evento dentro do quilombo de Pitimandeua demonstra que a Universidade tem se preocupado cada vez mais em romper os seus limites para dialogar com as comunidades tradicionais, debatendo questões relacionadas à produção científica e acadêmica, além de construir projetos que podem instigar o desenvolvimento social da região”, afirmou.

O presidente da Associação de Moradores do Quilombo Menino Jesus de Pitimandeua, Valberto Maia, o Dunga, comentou sobre a necessidade de continuar o debate referente à demarcação e titulação de terras quilombolas para expandir o debate sobre a construção social desses espaços e a participação das comunidades tradicionais no cerne das políticas públicas. “A demarcação das terras dos quilombos e a organização da comunidade ao debater sobre pautas que atingem as políticas públicas são demandas necessárias para pensarmos o quilombo que queremos construir no futuro”, comentou.

A programação do Seminário contou com a participação de pesquisadores integrantes de vários movimentos. Entre eles, Maria Malcher, do Centro de Estudos e Defesa do Negro (Cedenpa); Ana D´Arc Azevedo, da Sociedade Paraense em Defesa dos Diretos Humanos (SDDH); Luiz Augusto Mendes, do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR); Laurenir Peniche, do Instituto Cultural Malungo;  e Denilson Batista, da Coalização Negra por Direitos do Movimento Negro Paraense. Além deles, estiveram presentes os educadores sociais Wanderlan Montão da Silva, Aurélio Borges e a Fatima Matos, que palestraram sobre diversos temas que envolvem as pautas e demandas dos negros e quilombolas dentro do território paraense. Houve também o lançamento do livro Quilombo Now: o Dossiê da Black Amazon, do autor Assunção Amaral, além das atividades culturais por meio das brincadeiras africanas, apresentação de dança e teatro, vivências com a realização de uma trilha para reconhecimento do território, rodas de conversa e contação de história sobre a comunidade quilombola de Pitimandeua.

Para o discente do sexto semestre do curso de Geografia da Uepa, Everton Nascimento, a realização do evento dentro de um quilombo representa a realização de trocas de conhecimento, além de uma experiência fantástica para os estudantes. “Para nossa formação como geógrafos a participação nesse Seminário é de grande valor científico em função dos debates pertinentes, assim como para os quilombolas é muito interessante ter um canal de diálogo com uma Universidade como a Uepa”, ponderou.

O evento foi aberto ao público e gratuito para a comunidade quilombola, discentes e docentes do curso de Geografia da Uepa e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA).

 

Texto: Daniel Leite Jr (Ascom Uepa)

Fotos: Nailana Thiely (Ascom Uepa)