Antes do sol raiar, um carro sai da Fundação Santa Casa de Misericórdia em Belém e pega estrada rumo a um dos municípios vizinhos. O objetivo é buscar crianças com doença renal crônica para serem submetidas às sessões de hemodiálise na capital. A rotina semanal consome até dez horas do dia dos pequenos pacientes, somando-se o tempo de viagem e o período em que permanecem ligados às máquinas que filtram o sangue.
A rotina despertou a inquietação da terapeuta ocupacional Thaís Gomes Cabral e resultou em uma das monografias premiadas da Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade do Estado do Pará (Uepa), durante cerimônia realizada no dia 10 de março.
Thaís era residente do setor de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica do hospital e passava cerca de 80% do curso em aulas práticas na unidade. Durante o período, procurou observar de que forma a doença renal crônica e a realização da hemodiálise afeta a qualidade de vida das crianças. Os resultados a levaram a propor uma contribuição para a realidade dos pacientes.
Assim nasceram Rinaldinho e Rinaldinha, um par de rins confeccionado em feltro, criado pela terapeuta. “A ideia foi ressignificar a figura dos órgãos, buscando reverter a percepção negativa da condição que as crianças vivem e levando-as a pensar na importância de cuidar deles”, explicou. Cem unidades dos bonecos foram reproduzidas e entregues aos pacientes na última semana. Além do design, Thais desenvolveu os mascotes em forma de fantoches, e ainda devem ser criadas fantasias para auxiliar nas ações educativas da Santa Casa.
Cerimônia – A entrega do prêmio aos concluintes multi e uniprofissionais em saúde ocorreu durante o encerramento do curso no auditório Benedito Nunes da Universidade Federal do Pará (UFPA). Além dos alunos de cada área de concentração, foram homenageados três preceptores com portaria de elogio e menções honrosas por suas contribuições ao desenvolvimento da turma.
A presidente da Comissão da Residência Multiprofissional em Saúde (Coremu/Uepa), Elisabete Rassy, enfatizou a importância da formação humanizada de acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). “O estado do Pará ganha com a atuação qualificada desses profissionais e a universidade também. A cada turma mais profissionais se interessam em participar das seleções pela relevância que a residência tem alcançado e isso se reflete também na ampliação no número de bolsas”, afirmou.
Texto: Dayane Baía
Fotos: Nailana Thiely