A Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Grupo de Estudos e Pesquisa em História e Filosofia da Ciência na Amazônia (GEPHFC), realizou na manhã desta sexta-feira (18), o Seminário Física no Pará: memória, ensino e pesquisa. O evento ocorreu no Auditório da Reitoria da Uepa e contou com a participação de acadêmicos, professores e pesquisadores paraenses ligados à área.
O Seminário marca os 50 anos da criação do primeiro curso de Física no Estado. Durante o evento, foram apresentados elementos da história social e política do Pará e do Brasil, e também as condições para o desenvolvimento da Física.
Entre os elementos dessa história estão o ciclo da borracha e a entrada do Brasil na II Guerra Mundial. Junto a esse processo, houve a criação da Escola de Farmácia do Pará, 1904; da Escola de Agronomia e Medicina Veterinária do Pará, em 1918; da Escola de Engenharia do Pará, em 1930; e do Núcleo de Física e Matemática do Pará, em 1961; e do curso de Física na Universidade Federal do Pará (UFPA), em 1965.
Esse percurso foi apresentado por professores da UFPA, que fizeram parte dessa história, pelo historiador e chefe do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais, Jairo de Jesus Nascimento, e pelo coordenador do GEPHFC, Ruy Guilherme Castro de Almeida.
O professor Ruy Guilherme Castro de Almeida informa que o evento é uma oportunidade de resgatar a memória do desenvolvimento do ensino e da pesquisa da Física na região. “Aqui nós resgatamos toda uma memória histórica da produção do conhecimento da disciplina no Pará. Essa Física foi desenvolvida por pessoas que deram tudo de si, para que hoje nós tenhamos uma competência significativa na região amazônica”, declara.
O evento homenageou três importantes pesquisadores, que tiveram contribuições significativas para a Física no Pará: os professores José Maria Filardo Bassalo, Fernando Medeiros Vieira e Carmelina Kobayashi. Hoje, docentes aposentados da UFPA.
O professor José Maria Bassalo já publicou 13 livros sobre a história da Física e possui uma coluna online sobre curiosidades da disciplina. Ele incentivou a formação de profissionais para trabalhar com a Física no Pará e enxerga hoje desafios. “Antigamente, éramos um time e fizemos uma simbiose entre Matemática e Física. A Física hoje é no mundo, mas no Pará o fundamental ainda precisa ser feito: criar um instituto de tecnologia. Porque os nossos problemas são problemas inerente a nós e temos que saber as condições do nosso entorno. E é a Uepa que realmente pode fazer isso”, afirma Bassalo.
Outra homenageada, a professora Carmelina Kobayashi, foi uma das mulheres formada pela primeira turma do curso de Física da UFPA e possui uma trajetória consolidada no ensino e na pesquisa. “Esse reconhecimento é muito importante para mim e me deixou surpresa. Além disso, a relevância dessa ocasião está no fato de apresentar uma historia anterior ao curso de Física e foi uma lição muito importante para todos aqui”, comenta a professora.
O GEPFHC, grupo que promoveu o evento, busca incentivar discussões sobre o desenvolvimento da ciência. O Grupo desenvolve atividades desde 2008 e possui uma perspectiva interdisciplinar. A acadêmica de Ciências Naturais – Física da Uepa, Juliana Costa, fala sobre a experiência que o projeto e o evento proporcionam. “Se eu pudesse resumir em uma palavra, eu diria ‘emocionante’, porque sabemos o quanto é difícil reunir esses relatos de uma história que não se conhece muito”.
Na Uepa, a Física é uma das habilitações da Licenciatura em Ciências Naturais. A existência do curso está atrelada a esse processo de expansão da disciplina no Pará. Essa Licenciatura foi criada em 1999 e está hoje em 11 campi da Uepa, nos municípios de Altamira, Barcarena, Belém, Cametá, Conceição do Araguaia, Marabá, Moju, Paragominas, Redenção, Salvaterra, São Miguel do Guamá. Além da Uepa e UFPA, há cursos de Física também na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
Texto: Sergio Ferreira Junior/Ascom-Uepa
Foto: Bianca Almeida/Ascom-Uepa