Seminário debate diversidade racial e de gênero

Enviado por Fernanda Martins em Qui, 09/06/2016 - 10:17

O que é gênero? Quem é transexual e por quê? Por que os LGBTs negros são mais discriminados? Essas são algumas das questões levantadas durante o III Seminário Educação, Identidade Negra, Gênero e Diversidade Sexual: Rompendo Silêncios, Construindo Diálogos. O evento ocorreu no Auditório Paulo Freire, no Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (CCSE/Uepa), com a discussão de questões contemporâneas de raça, sexualidade, vertentes do feminismo e as interfaces com o papel de educadores e educadoras.

Durante a programação, houve uma mesa abertura com a participação de representantes de movimentos sociais, como a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), e de grupos da Uepa, como o Grupo de Pesquisa de Gênero, Sexualidade, Educação e Gerações (Genseg) e o Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais, Educação e Cidadania na Amazônia (Gmseca) O restante do evento consistiu em mesas de debate e painéis de discussão.

Entre as mesas, houve: Movimentos de Mulheres: vertentes do feminismo – feminismo negro e transfeminismo, com a participação da pedagoga formada pela Uepa, Larissa Alfaia, e da docente de Pedagogia da Uepa, Creusa Santos; A conquista da política de implementação do “nome social” na Universidade do Estado do Pará, com a pró-reitora de Graduação, Ana da Conceição Oliveira, da docente da Uepa, Lana Macedo, e do membro do Coletivo de Homens Trans do Pará, Augusto Magalhães; História da África e afro-brasileira no currículo escolar: perspectivas e desafios, com a historiadora e mestranda do PPGCR, Cassia Arnoud, e a mestre pelo PPGCR, Regiane dos Santos; e Escola: lei da mordaça: a liberdade do educar em  risco., com o coordenador do curso de Ciências Sociais da Uepa, Mário Brasil Xavier, e a docente de pedagogia, Sandra Karina Mendes.

De acordo com o mestrando do PPGCR e organizador do evento, Ricardo Ferreira, a mobilização e o debate sobre esses assuntos é necessária porque os currículos no Brasil não incluem de modo satisfatório as temáticas de gênero e raça. Essa falta leva à reivindicação da mudança dessa abordagem a fim de evitar formas de violência institucional. “As universidades, embora discutam a ciência, questionem os valores estabelecidos cientificamente, não são um espaço neutro, não são uma ilha. Então, reproduzem machismo, racismo e LGBTfobia já existentes na sociedade brasileira. Percebemos isso, quando mulheres são assediadas dentro das universidades, quando casais LGBTs são impedidos ou constrangidos por expressar sua afetividade, e quando a academia ainda reproduz esses preconceitos”, comenta.

Por isso, um dos temas que perpassou as várias discussões foi a interseccionalidade, que diz respeito à consideração dos aspectos complexos envolvidos em cada grupo identitário e de militância. A pedagoga Larissa Alfaia defende que deve ser pensada na academia e na vida política. “Essa interseccionalidade vem sendo discutida e construída nos movimentos sociais, especialmente no movimento feminista, porque ainda há resistência de grupos no reconhecimento de outras identidades, além do cisgênero, por exemplo. Esse debate é importante para percebemos que a sociedade vai além das questões de classe, pois vemos que há várias escalas hierárquicas de grupos sociais. Outros debates, como raça/etnia, gênero, etc., estão entrelaçados, porque na sociedade eles já estão relacionados”, afirma a pedagoga.

 Essa foi a terceira edição do evento, que já foi realizado em 2014 e 2015. O Seminário é promovido por mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião (PPGCR) e acadêmicos da Licenciatura em Pedagogia da da Uepa; em parceria com o Genseg, o Gmseca e a Pró-Reitoria de Extensão (Proex/Uepa).

Texto: Sergio Ferreira Junior
Foto: Wagner Almeida/ Arquivo Sejudh