Seminário debate questões do historiador

Enviado por Fernanda Martins em Ter, 07/06/2016 - 13:24

As fontes históricas para pesquisa foram o tema da primeira mesa redonda do VI Seminário do Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia (Gheda), realizado no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Com o tema Educação na Amazônia: o ofício do historiador, o evento busca trazer ao debate os obstáculos e alternativas para a pesquisa histórica na Amazônia e propor soluções para as questões expostas. O seminário encerra hoje.

Na primeira atividade de hoje, o seminário recebeu a mesa redonda Fontes para a história das instituições educativas da Amazônia, com a participação da doutora em Psicologia da Educação da PUC-SP, Laura Maria Silva Araújo Alves e da doutora em Educação pela Universidade de Campinas (Unicamp), Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França. Durante suas exposições, as docentes ressaltaram a importância de fontes alternativas aos documentos oficiais para a reconstrução dos períodos estudados.

“Hoje, o historiador da Educação tem uma multiplicidade de fontes para avaliar seu objeto de estudo. Há os Livros Perpétuos de Sepultamento, as teses de médicos da época, relatos de viajantes e até mesmo as Crônicas Jesuíticas. Vai de cada pesquisador problematizar essas fontes e verificar sua validade”, resumiu Socorro França. Ela ressaltou ainda a falta de preocupação com a preservação de documentos históricos, citando o caso dos processos judiciais antigos que seriam incinerados e foram salvaguardados pelo Centro de Memória da Amazônia.

Em sua fala, Laura Alves avaliou uma fonte já bastante utilizada por pesquisadores: as obras literárias. “A literatura é uma fonte importante. As obras regionais, como por exemplo, as de Dalcídio Jurandir, que viveu no Marajó, são relatos aspectos da época. Estes livros descrevem a cultura da período”, observou. Ela contou que utilizou obras de oito escritores brasileiros para mapear o uso e aplicação de castigos corporais em crianças, incluindo entre estes Machado de Assis. “O autor traz em sua consciência marcas do mundo vivido. Quando nós narramos algo, damos a nossa versão, mas o escritor se apropria de eventos e costumes reais em suas narrativas”, justificou.

O evento continua às 15h, com a mesa redonda Fontes para a história das práticas educativas não escolares na Amazônia, com a participação do doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Tony Leão da Costa e da doutora em Educação pela PUC-SP Maria Betânia Barbosa Albuquerque. Logo em seguida, às 17h, a conferência de encerramento terá o professor do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), José Maia Bezerra Neto, com a palestra Arquivo Público do Estado do Pará e a História da Educação na Amazônia. O seminário encerra com a apresentação do grupo musical Mulheres do Fim do Mundo.

O seminário tem como público alvo os professores de graduação, pós-graduação e das redes públicas de ensino, além de alunos da graduação e pós-graduação de qualquer instituição de ensino, pública ou privada. “Todos os seres humanos são sujeitos da história, na medida em que produzem culturas e dão significado às suas ações. Então, como compreender o ofício do historiador? Estando na Amazônia, como manusear fontes em busca de rastros da escolarização e das práticas de sociabilidade? Estas são algumas questões que propomos para o debate”, observa a coordenadora do Gheda, Maria Bethania Albuquerque.

O Gheda é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação do CCSE e está estruturado em duas linhas de pesquisa:História das Instituições Educativas e História dos Processos Educativos Não Escolares na Amazônia. Ambas têm como objetivo o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a história das instituições educativas e educação na Amazônia. 

 

Texto: Fernanda Martins

Fotos: Nailana Thiely