A Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), realizaram, na quinta-feira, 2, a primeira oficina voltada para a construção do Plano de Educação Permanente e Integração Ensino-Serviço, no Distrito Administrativo da Sacramenta (Dasac). Estiveram presentes coordenadores e professores de cursos da área da saúde da Uepa, bem como profissionais e gerentes de unidades de saúde da Sesma.
A atividade ocorreu no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) e faz parte das ações previstas no Contrato Organizativo de Ação Pública Ensino-Saúde (Coapes), firmado em fevereiro de 2022 entre a Prefeitura de Belém e instituições de ensino públicas e privadas da capital paraense. Os territórios do município foram divididos em sete distritos administrativos e cada instituição ficou responsável por um distrito, no qual os alunos desenvolvem atividades práticas de saúde. Um deles é o Dasac, território vinculado à Uepa, que compreende 13 unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) e cinco Unidades Municipais de Saúde (UMS).
As diretrizes do Coapes foram publicadas pelos Ministérios da Saúde e da Educação por meio da Portaria Interministerial nº 1.127, de 2015. O contrato pretende qualificar a integração ensino-serviço e a educação permanente nos territórios, envolvendo pactuação entre instituições de ensino e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) municipais, estaduais e federais.
Segundo a vice-reitora da Uepa, Ilma Pastana, a relevância do Coapes se dá por ser “um instrumento, uma estratégia que faz com que todas as instituições que estão envolvidas com ensino conversem e trabalhem a intersetorialidade, para que todos sejam valorizados, tanto o ensino quanto os serviços de saúde”.
Oficina
A atividade representou o início dos trabalhos do Plano de Educação. “Essa oficina é um marco histórico. Ela é aguardada há muito tempo pelos docentes e pelos profissionais de saúde, pois será o pontapé inicial dessa grande atividade. As ações vão melhorar o serviço, o ensino e a integração ensino, serviço e comunidade”, pontua Erica Matsumura, assessora técnica em Interação, Ensino, Serviço e Comunidade da Sesma.
No primeiro momento da oficina, foram abordados os principais objetivos do Coapes pela coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da Sesma, Silvia Gatti. A servidora destacou a importância de haver a integração entre o ensino e o serviço de saúde, pois, por meio dela, “a instituição de ensino pode adequar as suas metas, o seu plano de ensino, às necessidades do território. Quando os serviços de saúde trabalham junto às instituições de ensino, também contribuem para a melhoria do SUS e dos indicadores”.
Na ocasião, foi apresentado o mapa, as informações gerais e os indicadores de saúde do Distrito Administrativo da Sacramenta. De acordo com o material exposto por Felipe Valino, um dos representantes da Atenção Básica da Prefeitura de Belém, o Dasac engloba sete bairros do sudoeste do município. A maior parte deles se encontra na microbacia hidrográfica do Una e é entrecortada por afluentes da Baía do Guajará. O perfil de cadastro do Dasac aponta 412.485 cidadãos moradores do distrito.
Após a apresentação, os profissionais presentes foram divididos em grupos de trabalho, contendo representantes da Uepa e das ESF e UMS.
Iniciativas ampliadas
A professora do curso de enfermagem da Uepa e responsável pela Coordenação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação (COAD), Mary Elizabeth de Santana, afirma que por meio do Coapes as ações da Uepa ganharão ainda mais destaque. “Com essa parceria, os indicadores de saúde do Dasac irão melhorar e as iniciativas da Uepa serão ampliadas. Assim, a universidade sai do seu mundo para o exterior, para mostrar as ações que são realizadas, tanto a nível de residência, quanto graduação, mestrado e doutorado”, afirma.
Todos os cursos da Uepa relacionados à área da saúde integram a ação. As atividades desenvolvidas, segundo a professora, envolvem visitas domiciliares, buscativas, palestras sobre pré-natal, doenças sexualmente transmissíveis, doenças crônicas, como hanseníase e tuberculose, prevenção do câncer de mama e útero, entre outras. “Essas ações já são desenvolvidas, mas serão expandidas. Nós estamos formando para o SUS, e como é para o SUS os alunos estão vivenciando a parte teórica na universidade e o desenvolvimento da prática no dia a dia das unidades de saúde” diz Mary Elizabeth.
De acordo com a coordenadora geral dos estágios do CCBS da Uepa, professora Djenanne Caetano, o momento de interação entre membros da instituição e do serviço de saúde era bastante aguardado, pois nele “a universidade se apresenta aos funcionários das unidades de saúde, aos gestores, e cria um ambiente mais propício de acolhimento do nosso aluno, do nosso professor, para desempenhar ainda melhor a atividade de estágio”.
A docente ressalta a relevância da oficina: “Ela é muito importante, para que a gente possa compartilhar, dividir e ajustar o que vai acontecer nesse cenário de prática. Lembrando que o cenário é do município e nós, da universidade, através do convênio que temos, estamos cumprindo uma parte da prática dos alunos nesse cenário”.
Para a coordenadora de Atenção Básica da Sesma, Tamilis Leal, o encontro possibilitou que o ensino e o serviço possam andar de mãos dadas e que pensem, de forma conjunta, o planejamento em saúde. “Assim, os futuros egressos da universidade poderão entender cada vez mais a realidade do SUS, visto que eles atuarão nos serviços quando saírem da universidade e também nós, dentro do serviço, das unidades, também passaremos a ter uma visão cada vez mais reflexiva da universidade”, concluiu.
Texto e Fotos: Monique Hadad (Ascom Uepa)