Uepa inicia primeira etapa de pesquisa epidemiológica no Estado

Enviado por Daniel Leite em Ter, 30/06/2020 - 18:38
 
A Universidade do Estado do Pará (Uepa) começou nesta terça-feira, 30 de junho, a primeira etapa de uma pesquisa epidemiológica para traçar perfil de prevalência e infecção do novo Coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, no Estado do Pará. A pesquisa será feita a partir da atuação de 208 discentes da área da saúde, vinculados ao curso de Enfermagem da Instituição. Eles executarão o processo de coleta de dados nas ruas de todo território paraense.
 
A realização desta pesquisa epidemiológica foi um pedido Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Saúde (Sespa), para identificar a predominância e também a velocidade de proliferação do vírus em todo território paraense. “A ideia do governador é que a Secretaria de Saúde possa ter um panorama da situação da Covid-19 no Estado, pois é importante ressaltar que o Pará tem uma dimensão continental, portanto a pesquisa irá dar um perfil de todo o território nas suas diversas regiões e assim as políticas públicas poderão ser mais assertivas com relação ao avanço da pandemia no Estado”, afirmou o vice-reitor da Uepa, Clay Chagas.
 
A pesquisa epidemiológica será realizada em três etapas e envolverá oito regiões em um total de 52 municípios, da zona rural e urbana do Estado do Pará. A primeira etapa começou pela Região Metropolitana de Belém e será feita até o dia 11 de julho em dez setores censitários que envolvem os bairros da Condor, Cremação, Guamá, Canudos, Terra Firme e Jurunas, na capital, além do Paar, Distrito Industrial, Cidade Nova e Maguari, no município de Ananindeua.
 
A intenção é realizar, aproximadamente, nove mil testes em cada uma das etapas da pesquisa epidemiológica, além da aplicação de questionários sociais com famílias paraenses da capital e do interior.  “O objetivo é saber o quantitativo de pessoas infectadas ou não, além da expansão do vírus como um todo no Estado para que possamos ter uma noção real da situação, portanto, o resultado dos dados epidemiológicos irá poder proporcionar a criação de políticas públicas direcionadas para as regiões de maior prevalência do vírus”, disse a diretora técnica da Sespa, Maitê Gadelha.
 
Após a finalização da primeira etapa da pesquisa epidemiológica, será iniciado, em aproximadamente 15 ou 20 dias, o processo de preparação e logística para execução do segundo momento: a coleta de dados nos municípios da zona rural do Estado do Pará.
 
DISCENTES NAS RUAS
 
O processo de ida às ruas foi iniciado a partir da ação de doze discentes do curso de Enfermagem da Uepa, que foram treinados e capacitados para realizarem a abordagem nas famílias dos dez setores censitários selecionados para a realização da pesquisa.
 
Alguns alunos que se voluntariaram para participar são moradores dos bairros integrantes dos escolhidos para integrar a pesquisa epidemiológica. É o caso da discente do quarto semestre do curso de Enfermagem da Uepa, Fernanda Gatinho, moradora da Terra Firme. Ela irá atuar nessa região fazendo dez testes e questionários sociais, por dia, em famílias do bairro. “Acredito que tudo que eu aprendi até agora durante meu curso me preparou para estar aqui hoje pronta para dar um retorno social de todo o meu aprendizado para a população paraense e no meu caso específico meus vizinhos e conhecidos do lugar onde eu moro”, falou a discente. A aluna é a primeira integrante da sua família a entrar na faculdade e a única que faz um curso superior na sua rua.
 
Nesse processo, apesar de algumas resistências, a grande maioria das famílias abordadas reconheceram a importância e relevância social da pesquisa epidemiológica realizada pela Uepa. “Penso que receber a equipe da Universidade para realização da pesquisa que pode me proporcionar fazer um teste referente à Covid-19 gratuitamente é de grande valor para nós, pois é uma forma de Governo poder visualizar melhor qual a real situação desse vírus no nosso Estado, além de nos oferecer informações necessárias com relação às formas de prevenção que devemos assumir no nosso cotidiano”, disse a professora do ensino fundamental, Isadora Cristina Rodrigues.
 
TREINAMENTO DOS DISCENTES DE ENFERMAGEM
 
A Uepa em parceria com o Instituto Acertar realizou nos dias 24 e 29 de junho, o treinamento dos coordenadores, docentes e discentes do curso de Enfermagem que participam da coleta de dados da pesquisa.
 
“Penso que a parceria com a Uepa para fazer um estudo dessa magnitude é de grande valor, no sentido de levar em consideração que a instituição acadêmica é a base para a sociedade ter acesso a informações mais sistematizadas e organizadas, além de legitimadas pelo fazer científico, portanto, é além de uma pesquisa, também, uma ação social da Universidade que funcionará como possibilidade de ganho de experiência profissional para os discentes”, comentou o sociólogo do Instituo Acertar, Américo Canto.
 
Todos os discentes e docentes do curso de Enfermagem da Uepa estão participando como voluntários na pesquisa epidemiológica. “Nossos alunos são orientados a olhar para sua prática profissional, a partir dos conceitos da humanização que são tão importantes para nossa profissão. Portanto, esse momento de pandemia se configura como uma grande oportunidade acadêmica, profissional, social e humana para todos que irão participar da coleta de dados nas ruas do Estado do Pará”, ponderou a coordenadora do Departamento de Enfermagem Comunitária da Uepa, Lidiane Vasconcelos.
 
O treinamento foi um momento para orientação em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), abordagem dos alunos nos domicílios, além da parte prática do teste, como forma de aperfeiçoar a técnica. 
 
Além de a pesquisa epidemiológica funcionar como uma ação de saúde, ela, também, se configura como uma ação educacional e pedagógica por parte da ação dos discentes, pois além do objetivo de realizar os testes e fazer o questionário social, os alunos foram orientados a repassar informações de prevenção. “Sabemos que essa pesquisa, também, pode ser um momento de educar a população, através das orientações de prevenção que passamos para nossos discentes e eles irão repassar para as famílias abordadas durante a coleta de dados, pois essas informações são de grande importância para o enfrentamento da pandemia no dia-a-dia”, comentou a coordenadora do curso de Enfermagem da Uepa, Margareth Bittencourt.
 
 
Texto: Daniel Leite Jr
Fotos: Nailana Thiely