Pesquisadores discutem sustentabilidade nos centros urbanos

Enviado por Anônimo (não verificado) em Ter, 18/02/2014 - 00:00
O foco da discussão está no aperfeiçoamento do olhar da academia sobre os fenômenos sociais da região, no que diz respeito à sustentabilidade, na democratização dos espaços no ambiente urbano e nas alternativas às formas de exploração desenfreada do ambiente e dos grupos sociais.
 
Pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (Uepa), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de alunos das mais distintas áreas do conhecimento, discutem, em Belém, temas ligados à superação dos desafios enfrentados pelos centros urbanos na Amazônia. Os debates fazem parte do I Seminário Cidades na Amazônia: urbanização e sustentabilidade, que acontece até esta quarta-feira (19), no auditório do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da Uepa.
 
O foco da discussão está no aperfeiçoamento do olhar da academia sobre os fenômenos sociais da região, no que diz respeito à sustentabilidade nos centros urbanos, na democratização dos espaços no ambiente das cidades e nas alternativas às formas de exploração desenfreada do ambiente e dos grupos sociais. A coordenadora do Grupo de Pesquisa Educação e Meio Ambiente da Uepa, Maria das Graças Silva, destaca a importância da participação da Uepa nesse debate. “Devemos propor intervenções mais audaciosas frente aos desafios que enfrentamos na região, e, se possível, tentar encontrar alternativas ao processos que nos é imposto”, ressalta a professora.
 
Para Rubens Cardoso da Silva, vice-reitor da Uepa e doutor em Ciências Agrárias, a reunião de pesquisadores, pesquisas e formulações teóricas e práticas é nada mais que um exercício necessário à Universidade no contexto das realidades amazônicas, seja no ambiente rural ou urbano. “À semelhança do que acontece nos grandes centros urbanos, os centros menores também sofrem com problemas, como a falta de saneamento, a ausência de mobilidade urbana e outros. E nós sentimos na pele todas as discussões sobre sustentabilidade. Nossa construção acadêmica deve, portanto, responder aos fenômenos próprios de nossa região. Precisamos reangular os fatos e olhar os problemas sobre novas lentes”, afirma o vice-reitor.
 
O conferencista de abertura do seminário, professor Henri Acselrad, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional (IPPUR) da UFRJ, trouxe como contribuição reflexões sobre o aspecto ambiental, dos pontos de vista social e político. Segundo o pesquisador, houve, a partir da década de 1960, quando foi levantada a ideia de meio ambiente e, posteriormente, a noção de sustentabilidade, um processo de inovação discursiva dos mais distintos grupos sociais, como o empresariado e movimentos sociais, que nos levou a uma adoção genérica e banalizada do aspecto ambiental. Um processo denominado por vários pensadores como ambientalização.
 
Para Acselrad, a dicotomia entre o social e o meio ambiente deve ser superada, dando lugar às práticas espaciais, que compreendem a associação de forma inseparável desses dois aspectos. “A retórica pública da sustentabilidade, fundamentada em uma visão puramente economicista dos sistemas vivos é o que temos. Deveríamos apostar na reprodutibilidade de práticas sociais de apropriação dos recursos, de práticas plurais”, explica.
 
As discussões no Seminário seguirão nesta quarta-feira, a partir das 14h, com a presença de diversos pesquisadores, parlamentares, representantes de prefeituras de municípios paraenses, além de representantes do Ministério da Cidades, do Meio Ambiente e da Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção do Estado do Pará.