Indígenas acertam detalhes finais da Formatura

Enviado por Ize Sena em Seg, 11/04/2016 - 15:34
Representantes das três etnias que compõem a primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade do Estado do Pará (Uepa) estiveram na Reitoria na última semana para tratar dos detalhes da formatura, inédita no Pará. O evento, marcado para o dia 19 de abril, às 9h, no Hangar Centro de Convenções, terá o cerimonial formatado especialmente para a ocasião, seguindo a proposta do curso e unindo as tradições acadêmicas e indígenas.
 
A cerimônia de formatura gera bastante expectativa tanto nos formandos quanto nos responsáveis pelo curso. “Temos principalmente um senso de dever cumprido nesse momento. Colaboramos para o cumprimento do papel social da Instituição, tirando do papel a consolidação das políticas indigenistas”, disse a coordenadora do Núcleo de Educação Indígena da Uepa, a professora Joelma Alencar.
 
Estiveram presentes no encontro o representante dos Surui Aikewara, Tiapé Surui; a liderança dos Tembé, Piná Tembé; e a representante do povo Gavião, Concita Sompre e o cacique Zeca Gavião; a coordenadora do curso Joelma Alencar;  a titular da Diretoria de Eventos e Cerimonial da Uepa, Alice Gamboa e o professor e mestre de cerimônias, Augusto César Lima. “O rito da formatura data da idade média, portanto também é uma tradição. Mas, nesse caso, buscamos uma fusão entre as tradições, respeitando as culturas de cada um dos povos”, adiantou Lima.
 
Durante a reunião, nenhum pormenor foi ignorado. Desde a entrada e posicionamento de cada formando e seu paraninfo, até os líderes das etnias que integrarão a mesa formatura. Para encaixar os aspectos culturais específicos de cada um dos povos, muitos passos do rito tradicional foram adaptados, à exemplo das faixas que prendem as becas, confeccionadas por cada formando utilizando grafismos e materiais característicos. O uso de pinturas corporais e do cocar também foi liberado para os formandos.
 
A cerimônia contará ainda com três juramentistas e três oradores, um de cada povo. O curso teve turmas nos campi de Marabá (Gavião e Surui Aikewara) e São Miguel do Guamá (Tembé), mas reunirá todos os formandos em uma única cerimônia, com o objetivo de celebrar a união dos povos. Os alunos e acompanhantes terão transporte gratuito, alimentação e acomodações garantidos pela Uepa.
 
Para Piná, a cerimônia será um momento histórico, mas as consequências do curso serão ainda maiores. “Ganhamos mais uma arma para a nossa luta. Nosso objetivo é ajudar o nosso povo, seja dentro da reserva ou fora dela”, resumiu o Tembé. A partir da colação, os índios iniciam a campanha paraense pelo reconhecimento da profissão Professor Indígena e a criação de concursos específicos no Estado e Municípios.
 
Texto: Fernanda Martins
Fotos: Nailana Thiely