Uepa forma primeira turma de professores indígenas

Enviado por Ize Sena em Ter, 19/04/2016 - 15:05
Após quatro anos em processo de formação e aprendizagem em sala de aula, a primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade do Estado do Pará (Uepa), composta por 72 índios das etnias Tembé, Gavião e Suruí Aikewara, outorgará grau em 19 de abril, data em que também se comemora o Dia do índio. A cerimônia se iniciará às 9h, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, localizado na avenida Doutor Freitas, s/n.
 
A tradicional solenidade de formatura será adaptada às tradições da cultura indígena. Cada povo entrará cantando as próprias músicas. Vestidos com a beca, os graduandos estarão com o corpo pintado e o cocar, adorno que caracteriza a personalidade do índio dentro da comunidade. O cocar será substituído pelo capelo no momento em que o reitor da Uepa, Juarez Quaresma, os chamar a outorga.  Os acadêmicos indígenas irão cantar o hino nacional nas línguas nativas Tupi e Jé. Eles encerrarão a cerimônia com danças.
 
Desde 2012, a Uepa passou a ofertar o curso de Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente a graduação é destinada às etnias Tembé, Gavião, Suruí Aikewara, no território étnico-educacional Tapajós Arapiuns, Wai-Wai e Kaiapó, vinculadas aos campi e municípios de São Miguel do Guamá, Marabá, Santarém, Oriximiná e São Félix do Xingu.  O curso conta com

 nove turmas e um total 257 alunos.
 
A graduação forma professores em turmas unicamente compostas por indígenas, tanto no Pará, quanto em âmbito nacional. A Uepa é a única instituição do Estado a investir nessa formação. No início de 2014, o curso foi avaliado e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Pará (CEE). Na avaliação considerou-se a infraestrutura, a qualificação e o perfil dos docentes, além dos componentes curriculares.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Educação Indígena, Joelma Alencar, a Licenciatura atende as reivindicações dos índios de acesso à educação.  “Em relação aos povos indígenas, além de consolidar essa luta e assumir as escolas, a Universidade possibilita o acesso ao conhecimento científico em conjunto com o conhecimento indígena e também estabelecendo um elo intercultural. Esse é o sentido. Quem ganha com isso é a própria cultura indígena que vai ter esse fortalecimento, uma vez que os indígenas assumem suas escolas, ensinam suas línguas. A língua é um patrimônio”, ressalta ela.  
 
SERVIÇO
Outorga de grau da primeira turma de Licenciatura Intercultural Indígena da Uepa
DATA: 19 de abril
HORA: Às 9h
LOCAL: Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – avenida Dr. Freitas, s/n, em Belém.
 
Texto: Renata Paes 
Foto: Nailana Thiely