Hanseníase é discutida no Congresso Médico

Enviado por Ize Sena em Qua, 27/04/2016 - 10:06
O Brasil é o segundo país com o maior número de pessoas com Hanseníase no mundo. Os dados recentes do Ministério da Saúde são de 2012, e contabilizam 33.303 casos registrados. O país perde apenas para a Índia, com 134.752. O Pará está entre os cinco Estados com maior incidência de hanseníase nos últimos 10 anos.  Há alta detecção entre  crianças e adolescentes menores de 15 anos e o tardio diagnóstico gera sequelas irreparáveis para quem ainda está começando a vida.
 
“Crianças estão vivendo com hansenianos. Estão pegando a doença cedo e desenvolvendo cedo as deformidades. Mesmo que a doença seja curada, ficam as sequelas para sempre. Isso compromete, inclusive, a qualidade de vida  e a capacidade laboral de inserção no mercado de  trabalho”, comenta o médico patologista, Juarez Quaresma.
 
O especialista e reitor da Universidade do Estado do Pará (Uepa) foi convidado a falar sobre a doença no penúltimo dia de programação do XVIII Congresso Médico Amazônico, realizado no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.   
 
Segundo ele, as crianças tem mantido contato desde cedo com pessoas que possuem o bacilo Mycobacterium leprae, responsável pela doença. “Ele é pego pelas vias aéreas superiores. O hanseniano expele o bacilo pelo ar. Apesar da doença ser na pele, ela expele pelas vias aéreas, e a pessoa suscetível  respira esse bacilo, que vai para o pulmão e depois para a pele”, explica Juarez.
 
A doença afeta os nervos. Consequentemente causa deformidade nas mãos, rosto e orelhas.  Há sinais indicativos da doença como manchas em qualquer parte do corpo associadas à falta de sensibilidade no local. De acordo com Juarez Quaresma, a Hanseníase é confundida com outras doenças da pele. “Pano branco, psoríase, impinge, que dão a aparência esbranquiçada. Os médicos inequivocadamente dão diagnósticos errados. Confundem com micoses mais comuns”, diz ele.
 
TRATAMENTO
 

O tratamento é feito por medicamentos cedidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e quimioterapia. O Centro de Saúde Escola (CSE) da Uepa faz a triagem dos pacientes com suspeita da doença e os encaminha ao Ambulatório de Hanseníase, no próprio CSE. No local é feito o controle, que impede o avanço da doença.  
 
A coordenadora do Serviço de Dermatologia da Uepa, Regina Carneiro, explica o procedimento para o atendimento no Ambulatório da Universidade. “O paciente procura um clínico geral, pediatra ou dermatologista da rede e ele encaminha para  nós. Os atendimentos do Ambulatório são feitos às sextas-feiras.  É feito o atendimento do diagnóstico ao tratamento e controle das complicações da Hanseníase. E para aqueles que estão com sequelas, a Unidade de Fisioterapia da Uepa também os atende. Temos os medicamentos que são dados gratuitamente”, diz ela.
 
CONGRESSO
 
Hoje (27), último dia do XVIII Congresso Médico Amazônico, por meio da doutora Margareth Sá, a Uepa participará de uma mesa redonda sobre tuberculose. A coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (Nedeta), Ana Irene de Oliveira, dará contribuições no Fórum Paraense de Terapia Ocupacional, e no Simpósio sobre Zika Vírus, a doutora Consuelo Oliveira estará a frente das discussões sobre a doença.    
 
Texto: Renata Paes
Foto: Nailana Thiely