Inova Campus cria legado sustentável para a Uepa

Enviado por Fernanda Martins em Sex, 24/06/2016 - 14:34

Uma corrente que ganha cada vez mais adeptos entre estudantes de Universidades públicas traz uma nova maneira de viver a experiência acadêmica: ser a mudança que você quer ver no seu campus. Buscando parcerias, patrocínios e até mesmo as tradicionais “vaquinhas”, alunos criam intervenções e constroem sistemas que poderão ser utilizados pelas futuras gerações dos respectivos cursos. Essa é a proposta de iniciativas como o Inova Campus, formado no ano passado por estudantes do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT), que construiu um legado sustentável para a Instituição.

O projeto Inova Campus nasceu da observação dos próprios discentes sobre a realidade que os cercava. “Percebemos que nem todas as dificuldades que encontrávamos na Universidade era por falta de investimento. Muitas coisas poderiam ser feitas por nós, para melhorar a nossa vivência no campus. Uma iniciativa a partir dos alunos e pelos alunos”, explicou o estudante de Engenharia Ambiental e integrante do projeto, Victor Catete. Desde então, o grupo se reúne periodicamente para definir que tipos de intervenções poderiam ser criadas, tendo como critério o legado para os respectivos cursos e para a Uepa.

A Semana de Tecnologia do CCNT, ocorrida no início de junho, foi o momento escolhido pelos estudantes para colocar as mãos à obra. Oficinas organizadas e ministradas pelos próprios alunos deram origem a ações como a reforma dos móveis dos Centros Acadêmicos, realizada pelos discentes de Design, que deram vida nova às cadeiras, bancos e mesas antigas, conhecidas de umas tantas gerações de estudantes do Centro.

“O Centro Acadêmico passou por reformas, por isso decidimos que também era hora de renovar os móveis. Como não há verba para aquisição de novos, tomamos a atitude sustentável e economicamente viável de reformá-los”, explicou o integrante do Centro Acadêmico de Design, Aryel Ramos. Móveis de outros CAs e de uso comum do campus também receberam intervenções.

O curso de Engenharia Ambiental foi o campeão das benfeitorias para a Universidade. Juntos, os alunos criaram composteiras e um sistema de captação de água das chuvas. As composteiras ganharam notoriedade com a popularização da necessidade de se adotar medidas sustentáveis caseiras. Uma das oficinas ensinou um método simples de construir e manejar uma composteira, utilizando material reciclado.

“Todos os dias você gera resíduos na sua casa, que vai todo para o lixão, se decompor por lá, sem tratamento, e pode se tornar algo nocivo à saúde. Se cada família tratasse seus resíduos em casa, haveria uma redução drástica no volume transportado para os aterros e, consequentemente, nos riscos ambientais gerados por eles”, observou o aluno Marcus Victor Campos, 22 anos, responsável pela oficina que deu origem às composteiras.

O material utilizado na compostagem vem diariamente da cantina do CCNT. Resíduos sólidos que fariam volume no lixo lentamente se transformam em um substrato rico que alimentará as plantas do campus. Todas as partes da decomposição são aproveitadas. “O chorume é armazenado e também se transforma. Ao final do processo, teremos um adubo líquido que se diluído em vinte partes de água para uma chorume, será um poderoso aditivo para hortas e pomares caseiros”, explicou o estudante.

A Uepa ganhou ainda um sistema de captação de águas pluviais, também cuidado pelo Inova Campus. “A captação é muito importante porque temos uma demanda muito grande por água, principalmente água tratada. Hoje, se gasta uma enorme quantidade de água tratada em atividades que não demandariam esse tipo de água, como lavagem de calçadas, de veículos, rega de plantas e etc. O custo de tratar a água é grande e esse comportamento se configura em desperdício”, ressaltou o aluno de engenharia Ambiental Roberto Miguel da Costa Filho, 21 anos, que ministrou a oficina sobre sistemas de captação de água das chuvas.

A água captada das chuvas resolveria essa situação. Como a região amazônica tem índices pluviométricos altos, seria viável que casas e prédios residenciais tivessem seus próprios sistemas. “Por não ser tratada e imprópria para consumo, essa água pode tranquilamente ser aplicada nessas tarefas que não requerem uma água de maior qualidade. Dependendo da frequência com que as atividades são feitas, residências com hidrômetro poderiam registrar uma economia de até 50% na conta de água”, analisou o aluno.

O sistema instalado na Uepa funcionará apenas como um protótipo e cobrirá dois metros de calha do telhado de um dos anexos do CCNT. O recipiente que armazena a água possui capacidade de 230 litros, suficiente para cobrir atividades como a rega das plantas e outros serviços menores de limpeza.

Tanto a água quanto o adubo gerados serão aplicados em outra intervenção planejada pelos alunos para os próximos meses: a implantação de uma horta comunitária. “Sentimos falta de uma alimentação mais saudável no campus, além disso, temos um número elevado de alunos vegetarianos ou veganos. Ainda poderemos ensinar e aprender sobre o manejo de hortas, outra experiência importante para os alunos”, conclui Catete. Ações futuras incluem ainda o lançamento de um aplicativo chamado Guia do Calouro, que visa orientar as futuras gerações de universitários sobre os pormenores da vida no CCNT.

Veja mais fotos no link: https://www.flickr.com/photos/biuepa/albums/72157669162367085

 

Texto: Fernanda Martins

Fotos: Nailana Thiely