Jovens universitários compartilham experiências sobre intercâmbio social

Enviado por Fernanda Martins em Sex, 23/09/2016 - 16:25

Os trabalhos sociais cada vez mais chamam a atenção dos jovens. A prática ganha ainda mais espaço entre os universitários, que, em contato com novos conhecimentos, fazem jus ao velho de ideal de “fazer o mundo melhor”. Uma entidade sem fins lucrativos, formada por estudantes, vem fazendo a ponte entre ONGs que precisam de ajuda com universitários que querem ajudar. O resultado de algumas dessas experiências foi narrado pelos próprios intercambistas no encontro “Açaí com Intercâmbio”, realizado no espaço de convivência do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) essa semana. Munidos de souvenires, fotos e lembranças da viagem, eles compartilharam a verdadeira natureza desse tipo de viagem.

O estudante de Engenharia Ambiental da Uepa, Victor Catete, de 20 anos, sempre teve o pensamento voltado para as ações de desenvolvimento social e sustentabilidade, dessa forma, quando soube da oportunidade de colocar os conhecimentos em prática numa pequena comunidade carente na Colômbia, não titubeou. Ele dedicou todo o seu período de férias esse ano ao projeto, que durou sete semanas. “A comunidade me conquistou, passaria ainda mais tempo se pudesse. As pessoas foram muito acolhedoras, e ver as pequenas melhoras que pudemos promover na rotina deles foi uma das experiências mais recompensadoras da minha vida”, descreve o jovem.

Victor juntou-se a outros estudantes de diversas nacionalidades e auxiliou a comunidade na construção de uma nova ponte de acesso à escola – pois a ponte atual costumava ficar submersa com as cheias do rio -, de uma biblioteca e de um parque infantil. Todos os projetos utilizaram material reciclado, como restos de construção, pallets e pneus. Os estagiários chegaram a realizar uma campanha de doação de livros para a recém-construída biblioteca junto ao comércio local. Além de aplicar conhecimento adquiridos durante seu curso, como  a educação ambiental para as crianças ou a metodologia para aplicação de projetos, Victor acredita que encontrou sua vocação no empoderamento comunitário e já planeja um novo estágio. “Pretendo ir para a Costa Rica, que tem um trabalho forte relacionado à sustentabilidade”, adianta.

Diferente de Victor, a estudante do oitavo semestre Engenharia de Produção  da Uepa, Gabriela Martins, de 20 anos, escolheu participar de um projeto que não estava exatamente voltado para a sua escolha de carreira. Ela passou seis semanas trabalhando com um equatoriano e uma alemã em um plano de marketing para uma ONG em Cordoba, na Argentina. A entidade, comandada por uma senhorinha apaixonada pelo seu trabalho, funciona como uma creche para 80 crianças de uma área bem carente da cidade. “A nossa meta principal era atender a maior vontade da senhora: substituir o piso da creche, que estava bem danificado”, conta Gabriela.

O hostel onde ficou hospedada estava lotado de estudantes do mundo inteiro que também dedicavam seu tempo a projetos sem fins lucrativos. O contato com as mais diversas culturas foi um dos aspectos mais marcantes do trabalho. “Fiz amizade com um chileno, que atuava em uma fábrica de chocolates. Através dele, conseguimos uma grande doação de bombons, que transformamos em uma ação de venda para angariar fundos”, relembra. Com essas e outras ações, o grupo conseguiu levantar o valor necessário para a reforma. “A experiência foi incrível. Além de conquistar a fluência em espanhol, aprendi a ser mais independente. Percebi que na minha vida, não quero acumular bens materiais, quero viver outras situações como esta”, resume.

Já formada em Direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Laura Figueiredo, de 25 anos, também fez questão de compartilhar com os estudantes que participaram do encontro a experiência adquirida no estágio de oito semanas em Lima, no Peru. “Trabalhei com empoderamento feminino com jovens de um abrigo para meninas vítimas de violência. Apesar de aquele espaço funcionar para fortalece-las, a abordagem deles era muito machista, pensada para transformá-las em boas donas de casa”, explica. As situações vividas no abrigo mudaram a perspectiva da jovem advogada, que pretende trabalhar com Direito Criminal, vertente ainda muito dominada por homens. “O que aprendi lá levarei para todos os aspectos da minha vida, seja em um escritório de advocacia ou em uma reunião de condomínio”, completou.

AIESEC

A entidade responsável por enviar todos eles para o exterior foi a Aiesec. Com atuação em 176 países e comandada por universitários, a organização já chegou à Belém e possui uma sede dentro da Uepa, para melhor atender os interessados. “O interesse por esse tipo de intercâmbio vem aumentando bastante. Normalmente, os estudantes querem participar dos projetos em países da América Latina, seja pelos custos reduzidos, seja pela vontade de ajudar os países vizinhos em seu desenvolvimento”, disse a representante da entidade no encontro, Jhenifer Correa, de 20 anos.

Para fazer um intercâmbio através da Aiesec, o estudante interessado precisa ter entre 18 e 30 anos e procurar a sede da entidade para verificar quais projetos estão recebendo intercambistas. Selecionado o projeto, o interessado entrega sua documentação e, em alguns casos, currículo. “Existem ONG que pedem para analisar o currículo, pois querem candidatos com conhecimentos específicos”, explica. Caso seja inicialmente aprovado, o candidato segue para uma entrevista com membros da Aiesec. Sendo aceito para a vaga, o estudante pagará uma taxa fixa de R$ 1.500 – R$ 1.300 para estudantes da Uepa – que cobre todo o tramite burocrático e a estadia no local escolhido na casa de uma família voluntária, com direito à refeições. A duração varia entre seis e oito semanas.

SERVIÇO:
AIESEC in Belém
Rua do Una, 156. Prédio da Reitoria, Setor:AIESEC
Telégrafo sem Fio, Belém/PA
(91) 989940766

Texto: Fernanda Martins

Fotos: Nailana Thiely