Semana Acadêmica de Filosofia encerra nesta quinta (29)

Enviado por Anônimo (não verificado) em Qui, 29/09/2016 - 15:20
Uma semana para debater a Filosofia além das perspectivas da sala de aula, passando pela contemporaneidade, os múltiplos caminhos, as interfaces, para pensar e repensar o ofício do filósofo. Foi essa dinâmica que a comunidade da Universidade do Estado do Pará (Uepa) viveu durante a II Semana Acadêmica de Filosofia (Safil), realizada entre os dias 26 a 29 de setembro. Com o tema "Pós-modernidade: razões, culturas e artes", o evento foi coordenado pelo Centro Acadêmico de Filosofia (Cafil), com ajuda de discente do curso de Secretariado Executivo Trilíngue.
 
Sediado no Auditório Paulo Freire, do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE), o evento lotou todos os dias. Hoje, 29, a palestra "Arte Contemporânea: da Modernidade à Pós-modernidade" discutiu a arte e as interfaces com atuais debates filosóficos. A palestra foi ministrada pela professora Mariana Lage Miranda, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Pará (PPGFil/UFPA).
 
A professora afirma que dentro da Filosofia e das próprias Artes tem havido um esforço para se repensar categorias rígidas e reconhecer configurações desse ambiente contemporâneo. “Um dos grandes temas da arte contemporânea é essa indiscernibilidade
 entre arte e realidade. Mais cedo estavam falando sobre essa oposição entre o belo e o feio, mas penso que essas categorias da Filosofia da Arte já não se aplicam à arte contemporânea. É preciso falar que a Estéti
ca ainda não encontrou um lugar para falar da estética contemporânea, pois determinadas categorias que a Estética ainda usa para falar sobre essa arte são modernas, havendo diferenças de adequação e abordagem”, infere Mariana Lage Miranda.
 
Quem participou do evento, reconhece a riqueza da discussão realizada nesse espaço. O acadêmico de Filosofia da Uepa em São Miguel do Guamá – Campus XI, Gustavo Gonçalves, veio com outros 23 acadêmicos desse campus para participar da II Safil. “É uma experiência muito boa e nova para mim, pois é a primeira vez que eu estou participando. Há uma troca de conhecimento muito necessária e isso acrescenta muito ao nosso estudo em São Miguel. O tema da dança e da filosofia africana foram temas que achei muito interessantes”, diz o acadêmico.
A coordenadora geral do Cafil, Heloísa Helena Santos, fala que há uma necessidade de discutir dentro da Filosofia eventos, fenômenos e aspectos do dia a dia e na sociedade, sobretudo, no momento atual de uma pós-modernidade que rearranja a sociedade, o pensamento, a arte, entre outros. Ainda segundo ela, o evento foi pensado também para unir a comunidade acadêmica tanto de Filosofia quanto do CCSE, buscando integrar e trazer uma ótica nova para a Filosofia. "Trazê-la de uma forma que as pessoas não veem: por meio da arte, da cultura e de muitas outras manifestações", reforça. 
 
RELIGIÃO E IMAGENS FOTOGRÁFICAS
 
Um dos debates realizados, no dia 25, foi sobre a dimensão filosófica das fotografias que retratam ritos de religiosidade popular, durante a mesa redonda “Fotografia filosófica: a imagem como documento em rituais religiosos”, composta pelo fotógrafo paraense Guy Veloso e pelo professor do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Uepa, Gustavo Soldati Reis. A obra fotográfica e as experiências de Guy Veloso foram apresentadas como caminhos de uma reflexão sobre o conhecimento de vários outros na sociedade brasileira, cuja manifestação se dá por essas relações religiosas.
 
As imagens são parte de uma trajetória iniciada na década passada, em que ele vem fotografando essas manifestações religiosas nas cinco regiões do país. Várias delas têm suas raízes em cultos populares na Idade Média europeia. Guy Veloso conta que já registrou aproximadamente 141 grupos em dez estados brasileiros, com uma forte concentração na Região Nordeste. Durante a mesa, o artista mostrou as fotografias do grupo de Penitentes, de Juzeiro, Ceará, que participam de rituais de autoflagelação no período da Quaresma.
 
Como perspectiva da Filosofia, o professor Gustavo Soldati Reis apresentou possíveis leituras dessas imagens e do que elas representam. “Há um impacto estético, mas também epistêmico. Acredito que imagens nos convidam a profundos atos reflexivos, produzem conhecimento. Não são puramente entretenimento, no sentido de nos levar a distrações e a devaneio. As imagens produzem experiências vitais que dotam a vida de sentido e constroem a trajetória do fotógrafo e dos próprios penitentes”, declara o pesquisador.
 
ENCERRAMENTO
 
Além dessas discussões, foram realizadas palestras, mesas e debates sobre literatura, pensamento social, filosofia africana e cultura local, com a participação de pesquisadores da Uepa e da UFPA. Neste último dia de evento, 29, haverá também a festa de encerramento a partir das 18h30, no CCSE, campus I da Uepa. A comunidade que esteve presente na Semana está convidada.
 
 
Texto: Sergio Ferreira Junior
Foto: Nailana Thiely