Racismo brasileiro é pauta de seminário do Eduq

Enviado por Fernanda Martins em Qua, 16/11/2016 - 13:39

As raízes do racismo no Brasil e no mundo foram tema da conferência “Políticas Públicas para quilombolas e a nova arquitetura do poder”, que abriu o V Seminário do Grupo de Pesquisa, Saberes e Práticas Educativas de Populações Quilombolas (Eduq). O evento busca promover a discussão sobre ações dos povos quilombolas na área da Educação enquanto direito fundamentado por seus saberes e práticas. O seminário segue até o dia 18, no auditório Paulo Freire, do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), na travessa Djalma Dutra, s/n.

A conferência de abertura foi proferida pela coordenadora do Grupo de Estudos Afroamazônico da Universidade Federal do Pará (UFPA), a professora doutora Zélia Amador de Deus. Para dar aos presentes um melhor entendimento do preconceito que ainda cerca a pessoa negra, ela fez um panorama histórico sobre o advento do racismo na história brasileira, país que foi o último das Américas a abolir o regime escravagista e também o maior importador de escravos do continente.

“Naquela época, a ciência validava o argumento de que o branco era superior ao negro, que até então sequer era visto como ser humano. Após a abolição, com o racismo legitimado pela ciência, o primeiro projeto de nação no Brasil adotou como prioridade o branqueamento da população, com uma política de incentivo à imigração europeia”, explicou. Desde então, essas matrizes de pensamento permeiam a mentalidade da população. Quando o Brasil virou república, a sujeira ideológica acabou sendo varrida para debaixo do tapete.

“O projeto da república foi ardiloso, pois determinava que todos os brasileiros eram mestiços, portanto, não poderia existir o racismo. Esse argumento é usado ainda hoje por aqueles que defendem o fim das cotas raciais, mas essas mesmas pessoas sabem que aquele que tem o fenótipo negro tem uma maior possibilidade de ser discriminado”, esclareceu. O Pará é o terceiro maior estado em presença de comunidades quilombolas no Brasil, com 436 registradas até o momento.

Com o tema “Povos quilombolas na Amazônia: a Educação em perspectiva”, o seminário receberá diversos convidados, com debates relacionados à educação quilombola até sexta-feira, 18 e tem inscrição gratuita. O Eduq/Uepa desenvolve desde 2011, estudos e pesquisas sobre educação quilombola, refletindo acerca dos saberes e práticas educativas de populações quilombolas, numa perspectiva dialógica, intersubjetiva e crítica.  Toda a programação do evento pode ser encontrada no site http://eduquilombola.blogspot.com.br/.

Confira mais imagens do evento no Flickr da Uepa.

 

Texto: Fernanda Martins

Foto: Nailana Thiely