Botox traz alívio para pacientes do CSE

Enviado por Fernanda Martins em Ter, 06/12/2016 - 17:43

Cerca de 30 pacientes com variados níveis de distonia e espasticidade receberam na manhã de hoje aplicações de toxina Botulínica para o relaxamento muscular, no Ambulatório de Neurologia do Centro Saúde Escola (CSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). A terapia permite o relaxamento dos músculos o que, por sua vez, facilita a fisioterapia, impede a perda de tônus muscular e dá aos pacientes uma melhor qualidade de vida. A aplicação de botox via mutirão deve ser tornar rotina no CSE, para atender a demanda recorrente pelo tratamento.

Muitos desconhecem as aplicações terapêuticas da toxina, cuja característica de relaxante muscular permite sua utilização na prevenção de rugas e outras finalidades cosméticas. Mas o mesmo botox que disfarça as linhas de expressão pode trazer muito alívio para portadores de distonias - contrações musculares dolorosas e involuntárias, e espasticidade – uma alteração no tônus muscular geralmente consequência de acidentes vasculares cerebrais, traumatismos e casos de paralisia cerebral.

A aposentada Geralda de Moraes, de 80 anos, há oito convive com os espasmos faciais. A contração involuntária dos músculos do rosto causa dores e outros inconvenientes. “Os olhos dela se fecham sozinhos, de repente, sem que ela queira. É bastante complicado conviver com isso, é um risco”, disse a filha de dona Geralda, Joaquina de Moraes, de 53 anos, que a acompanhou durante a aplicação. Essa foi a quarta vez que dona Geralda recorreu ao botox para solucionar seu problema. “Já chegamos até a fazer a aplicação particular uma vez, mas custa bem caro. Embora o resultado seja excelente, pois quando medicada, minha mãe consegue abrir mais os olhos e se sente mais tranquila”, contou.

Os procedimentos foram realizados no próprio Ambulatório e monitorados pelos neurologistas Emanuel de Jesus Soares de Sousa, Bruno Lopes Santos Lobato, Celina Claudia Israel Sefer e pela enfermeira Cleide Paracampos. Também participaram cinco acadêmicos de Medicina e 20 de Enfermagem da Uepa. “Temos uma equipe multidisciplinar acompanhando esses pacientes. Os casos em que há necessidade de fisioterapia, eles são encaminhados para os nossos fisioterapeutas, caso ainda não sejam assistidos por outros profissionais”, explicou Paracampos.

Tentando o tratamento pela primeira vez, por recomendação médica, o pequeno Matheus, de seis anos, espera evitar um atrofiamento dos músculos das duas pernas, causados por uma leve paralisia cerebral. “O médico detectou que o comprometimento da coordenação motora dele estava aumentando, e nos encaminhou para tratamento com botox”, contou a mãe de Matheus, Nivalda Ribeiro, de 29 anos. Definido por ela como “ativo e sapeca”, o garoto cativou a equipe do mutirão, enfrentando o medo de agulha e as doloridas injeções da toxina. “Ele gosta muito de nadar e está aprendendo agora. Ele sabe que o tratamento vai melhorar o desempenho dele, isso dá coragem”, disse a mãe.

Já experiente em relação às aplicações de botox, a lavradora Carmilene Soares, de 30 anos, mãe da Josiele, de 10, está sempre atenta aos locais que oferecem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A gente percebe logo os efeitos. Ela fica mais tranquila, se alimenta melhor e consegue fazer as sessões de fisioterapia com mais desenvoltura”, observou. Vítima de paralisia cerebral, a menina sofre com a tensão nos músculos dos braços e pernas. “Vejo que ela tenta fazer movimentos, mas não consegue. Quando faz o botox, ela tem muito mais controle sobre o corpo dela”, contou Carmilene.

O neurologista e professora da Uepa, Emanuel Soares, aprovou o sistema de mutirão, que permite atender um número maior de pacientes em curto espaço de tempo. “Vamos tentar repetir esse mutirão a cada seis meses, pois é o tempo que conseguimos a liberação da medicação pelo SUS e podemos dar seguimento ao tratamento deles”, adiantou. Os interessados em participar dos próximos mutirões devem buscar o CSE, para passarem por avaliação médica.

 

Texto: Fernanda Martins

Fotos: Nailana Thiely