Começam minicursos da III Escola de Inverno

Enviado por Anônimo (não verificado) em Seg, 23/01/2017 - 17:54

Nós, os humanos, imaginamos que a terra é nossa. Talvez por estarmos em grande número, dominarmos a linguagem, desenvolvermos o conhecimento, nos adaptarmos as mudanças. “Pobres humanos”, poderiam cogitar os insetos. Afinal, nos tempos atuais eles sim correspondem ao maior grupo animal da terra. Os insetos representam 60% de todos os seres vivos do planeta. Ou seja, quem domina o mundo são eles.

Imagine que para cada um hectare de floresta Amazônica, correspondente a 10.000 m², há uma dúzia de aves e mamíferos, e cerca de um bilhão de insetos. Temos descritas 900.000 espécies da classe de Filo Artropoda, sem contar a estimativa de 5 a 8 milhões ainda a serem descobertas, e o mesmo número que nunca chegarão ao conhecimento humano. Por quê? Por estarem fora do nosso alcance, em lugares que o homem não vê ou desconhece.  

Para a doutora em Ciências Biológicas, Ana Lúcia Nunes Gutjahr, falta os seres humanos reconhecerem a importância dessa classe de animais. “Os insetos são chaves fundamentais no equilíbrio total dos grandes ecossistemas. Tem muitos insetos que são polinizadores das grandes árvores, transportadores de sementes. Eles contribuem na relação ecológica de plantas, servem de alimentos para outros animais”, destacou ela.

A pesquisadora como biólogo Gustavo Costa Tavares ministraram o minicurso “Insetos Bioindicadores de Qualidade Ambiental”, na manhã desta segunda-feira (23). Hoje foi o primeiro dia de programações da III Escola de Inverno, realizada no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Universidade do Estado do Pará(Uepa).

Gustavo aproveitou para enfatizar a participação dos insetos até na solução de crimes. “ Eles são usados em trabalhos forenses. Dependendo das larvas presentes no corpo do cadáver, dá para saber se a pessoa consumiu álcool, drogas, antes de morrer”, frisou ele.

“Etnoconhecimento, direitos socioambientais e a pesquisa cientifica em Unidades de Conservação” foi outro tema trazido para a programação, abordado pelas doutoras Regina Oliveira e Benedita Barros, e o mestre em Antropologia, Carlos Lourenço. Eles ressaltaram de maneira interdisciplinar a gestão de áreas protegidas, trouxeram conceitos sobre políticas públicas que envolvem as unidades de conservação e populações tradicionais na Amazônia.

A terceira edição da Escola de Inverno oferta 14 minicursos, ministrados até esta sexta-feira, 27 de janeiro. As inscrições se encerraram no início da semana passada. Cerca de 300 pessoas, entre alunos do Ensino Médio e da graduação, de universidades públicas e privadas, participam da programação, totalmente gratuita, e voltada para a comunidade interna e externa da Universidade.  

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais(PPGCA) da Uepa, Altem Pontes, destaca as possibilidades de qualificação acadêmica ao se envolver em programações como esta.  “Muitos participam por causa da carga horária, para ampliar o conhecimento sobre a área em que se estuda, outros com interesse em entrar na pós-graduação, ampliar os conhecimentos”, destacou. 

Texto: Renata Paes
Fotos: Nailana Thiely