Instituto Confúcio celebra o Ano Novo Chinês

Enviado por Fernanda Martins em Qua, 25/01/2017 - 15:29

Um novo ano começa para os chineses no próximo dia 28 e o Instituto Confúcio, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), aproveitou para marcar o início deste novo ciclo, que traz ainda o Festival da Primavera, em um dia de celebração à cultura chinesa. Durante toda a manhã de hoje, os alunos do Instituto participaram de atividades tradicionais relacionadas a estas festas, como a prática de artes marciais, da caligrafia e do artesanato em papel. Os representantes chineses presentes na festa comemoraram o grande interesse dos paraenses nas tradições da China.

O Festival da Primavera é o festival tradicional mais importante e movimentado na China, “assim como o Círio de Nazaré é para os paraenses”, comparou o diretor chinês do Instituto, Pang Hui. O festival ocorre no primeiro dia do primeiro mês lunar, frequentemente um mês depois do calendário gregoriano. É o Ano Novo no calendário lunar chinês. Diferente do calendário solar, utilizado pelo mundo ocidental, o lunar apresenta a cada ano uma data diferente para iniciar. Este ano, o ano do Galo, o ciclo se inicia no dia 28. Este será o ano 4715 do calendário chinês.

 “Toda a cultura chinesa é muito bonita e também muito nova para nós. Todos os Institutos Confúcio do mundo estão juntos na celebração do ano novo. Aqui, vemos mais uma boa oportunidade para o aprendizado”, disse o diretor paraense do Instituto, Antônio Silva. A comemoração paraense foi um prato cheio – literalmente – para os estudantes. Oficinas de caligrafia, corte de papel, Kung Fu, Tai Chi, Chang Quan e do famoso bolinho de massa jiaozi, uma comida tradicional de ano novo. O evento teve participação massiva dos alunos, que aproveitaram cada oportunidade de explorar as nuances culturais, sempre sob supervisão dos atentos professores chineses.

O reitor Juarez Quaresma participou da celebração e se disse emocionado com os resultados obtidos pelo Instituto, apesar de seu pouco tempo de atividade. “Tive uma reunião hoje na reitoria onde, entre outras solicitações, as pessoas me pediram a ampliação das vagas no Instituto Confúcio, que na minha avaliação já extrapolou os muros da universidade. É muito gratificante para mim este importante convênio da Uepa tenha se concretizado na minha gestão”, avaliou.

A troca e o carinho entre alunos e professores são visíveis. Apesar das barreiras de idioma – os professores falam mandarim, inglês e arranham pouco o português, enquanto alunos já arriscam palavras e expressões em mandarim  – não impediu que os estudantes apresentassem um coral com músicas chinesas ou que um dos professores tentasse animar a plateia em português. Para a mestranda Camila de Almeida, de 27 anos, estudar no Instituto é uma oportunidade única. “Além de aprendermos um idioma que nos dará competitividade no mercado de trabalho, absorvemos também valores chineses muito importantes, como o patriotismo e a união. No curso, todos se ajudam e as conquistas acabam sendo compartilhadas”, contou ela, que integra o coral do Instituto.

A proximidade com a cultura chinesa nunca esteve nos planos do estudante de Música da Uepa, José Pires, de 52 anos. Ex-engenheiro, ele decidiu dedicar a aposentadoria à busca de antigos sonhos. “Fiz vestibular para Música e, através do curso, soube do Instituto Confúcio. Achei que seria interessante aprender um novo idioma e me apaixonei pela sonoridade do mandarim. Recomendo muitíssimo para todos”, declarou. O brilho nos olhos do diretor chinês ao falar sobre as atividades do Instituto e da cultura do seu país demonstra o nível do acolhimento dos paraenses. “Antes de vir para Belém, passei quatro anos na unidade do Instituto no Quênia. Lá, poucas pessoas buscaram as aulas. Tínhamos turmas com menos de dez alunos. No dia da abertura das turmas, fiquei emocionado e surpreso de ver tantas pessoas buscando vagas. Temos uma lista de espera de mais de 300 nomes e as turmas estão cheias. Isso é muito especial para nós”, disse.

Na avaliação de Pang, o brasileiro é naturalmente curioso e interessado em aprender. “Desde que cheguei, dou aulas gratuitas de Tai Chi na praça Brasil, quase todas as noites. A turma só cresceu”, relembrou. O Instituto Confúcio deve abrir novas turmas em fevereiro, tanto para alunos, professores e servidores da Uepa, quanto para o público geral. “Entretanto, para a demanda externa, usaremos os nomes da lista de espera. Só abriremos novas chamadas em agosto”, adiantou Silva.

O Festival da Primavera se originou na Dinastia Shang (1600 aC - 1100 aC), do sacrifício do povo aos deuses e ancestrais no final de um ano velho e início de um ano novo. Anualmente, o festival se inicia nos primeiros dias do 12º mês lunar e dura até meados do 1º mês lunar do ano seguinte. Neste período, os dias mais importantes são a véspera do Ano Novo e os três primeiros dias. A celebração tem uma influência profunda e de grande alcance em países vizinhos, como o Vietnã, a Coréia, Cingapura, Malásia e Indonésia.

 

Texto: Fernanda Martins

Fotos: Nailana Thiely