Geração de adubo orgânico ganha auxílio da tecnologia

Enviado por Anônimo (não verificado) em Qua, 01/02/2017 - 12:26

Mais da metade de todo lixo produzido no Brasil se constitui de resíduos orgânicos como restos de frutas, legumes e folhagens. Todo esse material acaba indo para os lixões a céu aberto ou aterros sanitários, além de se decompor de forma inadequada. Geram mau cheiro, atraem animais causadores de doenças e aumentam os riscos de contaminação da água e solos.

Para reduzir a poluição ambiental e aproveitar a sobra de merenda escolar, folhas que caem das árvores, papéis jogados no lixo, e todo o resto de resíduos orgânicos gerados nas Escolas de Ensino Fundamental Oneide de Sousa Tavares e Doutor Inácio de Sousa Moita, em Marabá, os egressos do curso de Engenharia Ambiental, Jamerson Silva Soares, 26, e Igor Conceição Ribeiro, 25, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), orientados pela professora Aline Souza Sardinha, desenvolveram um tipo de composteira que usa recursos tecnológicos para elevar a qualidade do adubo produzido.

A composteira consiste no recipiente no qual serão acondicionados os resíduos orgânicos para dar início ao processo de compostagem. Com o passar do tempo os resíduos se decomporão, transformando-se em um composto estabilizado (adubo) retornando, desta forma, para a natureza. O diferencial da Compostagem Inteligente é a possibilidade de mensurar os níveis de temperatura e umidade do material orgânico em decomposição. Essa identificação ocorre por meio de um protótipo eletrônico integrado a Plataforma Arduino.

A Plataforma Arduino é composta por uma placa controladora (hardware) e um sistema integrado (software). Ao ser colocado em contato com a composteira, o protótipo móvel irá detectar se os níveis de temperatura e umidade estão altos ou baixos, emitir alertas sonoros, de luzes e mensagens na tela de LCD, indicando qual procedimento seguir.

 “O protótipo avisa na tela de LCD se a umidade está alta ou baixa, se é para adicionar mais água, fazer a mistura do material orgânico ou acrescentar mais material orgânico. É interessante poder ver e controlar a temperatura e umidade em tempo real”, destaca Jamerson Silva Soares.

O projeto realizado nas escolas de Marabá foi financiado pelo Banco da Amazônia por meio de um edital de patrocínio em 2016. Realizado de junho de 2016 a janeiro de 2017, o trabalho incluiu palestras de educação ambiental, orientações sobre separação dos resíduos e domínio da Plataforma Arduino, entre os alunos do 8º e 9º ano.

Também foram entregues nas duas escolas, lixeiras para a coleta de resíduos úmidos e secos e os depósitos para a compostagem. O projeto também foi tema de estudo do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jamerson e Igor, que no Prêmio Melhor TCC 2015, ganhou o segundo lugar com o tema “Sistema de monitoramento inteligente da temperatura e umidade no processo de compostagem: protótipo baseado na Plataforma Arduino”.

A atividade de educação ambiental dará continuidade em 2017 com o acadêmico de Engenharia Ambiental, Vinícius Soares. A partir das pesquisas de Vinicius, ocorrerá o monitoramento do processo de transformação dos resíduos orgânicos em adubo. “Esta é uma alternativa para evitar que mais resíduos sejam dispostos no aterro controlado de Marabá. As Composteiras Inteligentes ficarão abrigadas nas escolas. O Vinicius vai avaliar o processo de educação ambiental dentro das escolas, se as pessoas estão se educando em separar o lixo, bem como será avaliada a qualidade do composto”, ressaltou a professora Aline Sardinha.    

Texto: Renata Paes
Fotos: Arquivo pessoal