Projeto inova o manejo de florestas naturais na Amazônia

Enviado por Ize Sena em Qua, 23/08/2017 - 15:01
Utilizar as florestas naturais de forma sustentável e respeitar os ecossistemas amazônicos tem sido um desafio para a ciência florestal e para as empresas do setor.  Para superá-lo, especialistas apontam que uma das estratégias é adequar as tecnologias e o conhecimento científico às particularidades dos ecossistemas. No município de Paragominas, no nordeste paraense, um projeto busca justamente por em prática essa alternativa. Trata-se do SubBosque 2, liderado pelo Grupo Arboris, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental) e com o Curso de Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Pará (Uepa).
 
A proposta do Projeto SubBosque é gerar informações científicas que auxiliem modelos de produção mais rentáveis e conservacionistas. Essas informações são baseadas em um sistema silvicultural, cuja principal característica é a recuperação de florestas levando em consideração as especificidades das áreas atingidas pela ação humana no Arco do Desmatamento.
 
O projeto se diferencia por ser realizado em escala empresarial e por inovar o processo de colheita e de produção de madeira nativa. De acordo com o diretor-presidente do Grupo Arboris, Marco Siviero, a metodologia proposta para implantação do projeto permite ampliar o número de espécies manejadas, baseando-se em seus próprios ciclos de vida. “Nós transformamos a colheita em um tratamento silvicultural que potencializa a qualidade econômica das florestas, e isso valoriza a floresta em pé e a enquadra como um ativo financeiro de longo prazo”, afirma o empresário.
 
A parceria estabelecida no projeto permite que a Embrapa atue com o seu Know How sobre as pesquisa na região, visando um novo sistema de manejo de florestas antropizadas na Amazônia. “No entanto, algumas perguntas ainda precisam ser respondidas para operacionalizar as ações. Daí a importância do Projeto Subbosque 2, que quebra paradigmas previstos na legislação atual sobre florestas. Por isso há a necessidade de ser trabalhado em escala empresarial e com um olhar diferenciado das instituições que constroem as normativas estaduais e federais”, defende o pesquisador da Embrapa, Silvio Brienza Jr.
 
Já a Uepa integrou o Programa Adote uma Espécie Florestal, que já vinha sendo realizado em parceria com o Grupo Arboris, com o Projeto Subbosque 2. O resultado é a geração de pesquisa sobre as espécies ocorrentes em florestas que tiveram intervenção do homem e ações de ensino nas áreas de manejo. 
 
“O aluno estuda a estrutura da população de espécies ocorrentes na área de manejo, e a partir da análise dessas e da comunidade florestal como um todo, ele conseguirá indicar ações mais coerentes sob o ponto de vista do manejo específico e da silvicultura, podendo também, num segundo momento, caracterizar a madeira e indicar o melhor uso tecnológico. O Projeto oportuniza aos discentes de Engenharia Florestal conhecer os desafios da academia e do setor florestal e obter conhecimento necessário e já disponível para manejar essas florestas”, destaca o coordenador do Adote no campus Paragominas, professor Madson Sousa.
 
Outro ponto importante da parceria com o grupo empresarial, segundo Sousa, é o apoio às atividades de formação dos alunos. “Se por um lado o Grupo Arboris cresce com os conhecimentos científicos gerados no projeto para aprimorar suas atividades, por outro, a disponibilidade de áreas de manejo, alojamento, combustível e alimentação nos permite ter um custo mínimo para a condução das atividades de ensino e pesquisa, e ainda insere nosso curso no contexto regional das discussões sobre o setor florestal, o que ratifica a importância da academia cada vez mais perto do setor produtivo. Nossa meta é envolver 100 alunos de graduação durante três anos e tornar o Projeto Adote uma Espécie Florestal no maior projeto de ensino sobre florestas naturais na Amazônia”, completa Madson. 
 
Reunião – O SubBosque 2 foi apresentado aos órgãos de licenciamento, fiscalização e fomento a fim de estreitar os laços de cooperação entre as instituições que estão à frente do projeto e as entidades governamentais. 
 
A reunião, realizada no dia 2 de agosto, no Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (CIMAM), da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), reuniu o secretário Estadual de Meio Ambiente, Luiz Fernandes Rocha; o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará, Artur Vallinoto Bastos; a equipe do Grupo Arboris,  coordenada pelo diretor Marco Siviero; os professores mestres do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Uepa, Madson Alan e Marcio Franck; os pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Silvio Brienza, Ademir Ruschel e Gustavo Schwartz; o chefe geral da Embrapa Amapá, Jorge Yared, além de representantes da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa). 
 
Neste segundo semestre, o projeto também será apresentado na reunião do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), em Brasília, para o fortalecimento de novas parcerias institucionais.
 
Texto: Madson Sousa
Edição: Ize Sena
Fotos: Divulgação