Uepa entrega mais de 500 espécimes de insetos ao Museu Nacional

Enviado por Dayane Baía em Seg, 12/11/2018 - 18:46
A primeira doação de instituições do Norte do Brasil para ajudar a reconstruir o acervo do Museu Nacional do Brasil ocorreu hoje, 12 de novembro, na sala de recitais do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Na ocasião, além da devolução de 314 espécimes emprestadas pelo Museu Nacional, a Uepa doou outras 200 da Coleção Zoológica Dr. Joachim Adis.
 
As amostras foram poupadas do incêndio. Graças à parceria entre pesquisadores cariocas e a Uepa, uma parte do legado entomológico resistiu à tragédia por ter sido disponibilizada anteriormente para auxiliar em trabalhos de mestrandos e doutorandos da instituição, orientados pela
 
Prof. Dra. Ana Lúcia Gutjahr. “Esse seria um simples ato curatorial se não houvesse a importância dessa pequena parte do acervo entomológico do Museu Nacional que foi destruído pelo sinistro. A perda é de valor incalculável para a humanidade, para a ciência e para nós pesquisadores”, lamentou a professora Ana Lúcia.
 
O acervo do Museu Nacional tinha mais de cinco milhões de exemplares pertencentes a todos os grupos taxonômicos. “As espécies são as únicas que restaram. Como forma de incentivo e de prestar solidariedade estamos doando alguns espécimes amazônicos para a reestruturação dessa coleção”, continuou. Durante o evento, a parceria foi reafirmada para que os pesquisadores da Uepa possam fazer coletas em campo para doar para o Rio de Janeiro, minimizando custos e questões logísticas.
 
Entre as doações estavam gafanhotos-pigmeu e as esperanças, insetos miméticos, de  coloração amarronzada ou esverdeada, característica dos habitats terrestres, em meio as folhas secas. Os exemplares do pequeno acervo foram coletados em diversas regiões do Brasil e até mesmo de países da América Latina, como a Colômbia, caso do exemplar mais antigo que data o início do século XX, compondo assim, uma importância social, cultural e sobretudo, histórica.
 
O curador da Coleção de Insetos do Museu Nacional, Dr. Pedro Dias, veio pessoalmente receber as amostras. “Esse é um gesto muito bonito e representativo para nós. Tínhamos um grande museu, que era um orgulho do nosso país. A instituição científica mais antiga da América Latina, com 200 anos de história. Tivemos muitas expedições para Amazônia, sobretudo para o Sul do Pará, em áreas que hoje não são mais áreas de florestas e, possivelmente, as espécies não existem mais, representando uma perda de biodiversidade”, afirmou Pedro Dias.
 
“O Museu é feito de pessoas, mais do que o acervo e das paredes. As pesquisas não pararam, os alunos continuam com seus projetos indo a campo. E contar com a parceria colegas e instituições como a Uepa é importante para nós para a continuação das pesquisas”, complementou.
 
O diretor do Centro de Ciências Sociais e Educação, Anderson Maia, parabenizou a equipe de trabalho da Coleção Zoológica da Uepa. “Agradeço os alunos e a professora por não medir esforços com o avanço da pesquisa no CCSE”, afirmou. O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Renato Teixeira, também esteve presente e relembrou a infância no Rio de Janeiro. “Estudei em escolas públicas e a primeira vez que fui ao Museu Nacional foi em uma visita escolar. Quando tive meus filhos sempre fiz questão de levá-los lá também. Este ato é de extrema importância pelo fato de a Uepa estar presente na reconstrução do Museu e estimular outras a fazerem o mesmo, neste momento em que as instituições precisam estar mais unidas”, concluiu.
 
Texto: Dayane Baía
Fotos: Marcello Sarmento