Uepa introduz Telemedicina no currículo dos futuros médicos

Enviado por Daniel Leite em Sex, 12/06/2020 - 15:58

 

A Universidade do Estado do Pará (Uepa), pensando na expansão da prática de Telessaúde que já existe na Instituição desde 2015, introduziu o ensino de Telemedicina no currículo do Curso de Medicina, neste primeiro semestre de 2020. A disciplina agora está presente no módulo de Gestão, Interação, Ensino, Saúde e Comunidade (GIESCs), que ocorre do 1º ao 8º semestre, além do Internato e da Especialização em Atenção Primária de Saúde (APS).

“A ideia surgiu da necessidade de trabalhar com os alunos as práticas de gestão em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) e atualizar o eixo do GIESC, a partir das novas tecnologias disponíveis no SUS e autorizadas pelo Conselho Federal de Medicina. Deste modo, o professor Napoleão Braun, que coordena o Telessaúde da Uepa e o GIESC, nos sugeriu a introdução da temática da telemedicina como mais um ponto das práticas do curso”, afirmou a coordenadora do curso de Medicina da Uepa, professora Djenane Caetano.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da telemedicina desde a década de 1990 para atendimentos onde a distância é um elemento que impede serviços de saúde presenciais. O Conselho Federal de Medicina (CFM) define na Resolução nº 1.643/2002 que essa especialidade representa o exercício da medicina, por meio da utilização de metodologias interativas de comunicação com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em saúde. No Pará, com dimensões continentais e dificuldades de interiorizar as especialidades médicas, a Telemedicina se apresenta como uma tecnologia com vários recursos de grande capacidade de atuação, tais como: a Teleeducação, Telediagnóstico e Teleconsultoria. Dessa forma, essa prática promoverá a aproximação entre os profissionais da área, além de disponibilizar educação à distância e atendimentos remotos, evitando, portanto, deslocamentos desnecessários e diminuição de gastos em tratamentos fora de domicílio (TFD).

“Algum tempo atrás participei de um encontro em Brasília e conheci o professor Chao Lung Wen, da disciplina de Telemedicina da Universidade de São Paulo (USP), que fez uma exposição sobre o assunto e então quando assumi a coordenação do Telessaúde, a partir de março de 2018, pude perceber a necessidade de se introduzir as novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ensino da medicina e à serviço da comunidade. Portanto, no planejamento de dezembro de 2019 propusermos a introdução do ensino da Telemedicina no curso de Medicina da Uepa. Entendo que precisamos dar um passo ao futuro, acompanhando a evolução das novas tecnologias e aplicando-as ao uso da medicina com ética e responsabilidade”, comentou o coordenador do Telessaúde Uepa e dos GIESCs, professor Napoleão Braun.

Apesar da importância comprovada, a telemedicina sempre foi um tema polêmico entre os profissionais da área da saúde. Porém, a pandemia do novo Coronavírus trouxe novos paradigmas comportamentais no âmbito da vida pessoal e profissional da humanidade e, nesse contexto, as TICs ofereceram recursos que estão funcionando como ferramentas indispensáveis, tal como, o exercício do teleatendimento em diversas áreas de trabalho, e na consolidação do isolamento social para combater a expansão do contágio do vírus. Além disso, a Portaria nº 467 publicada no Diário Oficial da União (DOU) pelo Ministério da Saúde, no início do ano de 2020, regulamenta atendimentos médicos à distância durante a pandemia da Covid-19. 

‘Várias grandes universidades já adotam essa prática há anos e agora posso atestar, por experiência própria, o quanto é bom. Minha turma foi usada como teste e nós estamos todos muito satisfeitos, mas cada turma terá suas particularidades e a Uepa levou isso em consideração desde que começamos as aulas on-line, se articulando com o nosso Centro Acadêmico do curso para garantir, desta forma, que a telemedicina só seja implementada se todos os alunos forem abrangidos, pois mesmo após a pandemia ela trará o benefício de termos aula com professores de outros subgrupos do Internato, que não passaríamos normalmente, e oferece a comodidade de estarmos em casa”, ponderou a discente do 12º semestre do curso de Medicina da Uepa, Jade Iwasaka.

Texto: Daniel Leite Jr
Foto: Nailana Thiely