Com os objetivos de estimular o processo de formação de professores da educação básica e incentivar a produção de materiais didáticos com acessibilidade para o ensino de ciências naturais da rede pública, foi criado o livro digital Orientações Pedagógicas de Materiais Didáticos às Pessoas com Deficiência, disponível no site da Editora da Universidade do Estado do Pará (Eduepa).
O livro é um dos resultados das atividades do Projeto de Pesquisa Saberes e Práticas da Formação Docente: Da Avaliação da Educação Inclusiva à Produção de Materiais Didáticos Destinados às Pessoas com Deficiência”, do Campus de Marabá, produzido com apoio da Fapespa. Segundo o professor Airton Pereira, coordenador do projeto e um dos organizadores do livro digital, juntamente com Danielle Rodrigues Monteiro da Costa e Miriam Rosa Pereira, o livro funciona como um manual com sugestões e orientações aos professores para possibilitar um melhor aprendizado aos alunos com deficiência visual.
“O e-book foi criado a partir da percepção de que muitos professores e professoras que atuam na sala de aula de ensino comum, mas também no atendimento especializado, muitas vezes não passam por um processo de formação para lidar com alunos com deficiência e, de uma forma geral, encontram dificuldades de produzir materiais didáticos acessíveis”, afirma Airton.
Para auxiliar na construção deste recurso didático, os envolvidos ouviram educadores dos municípios de Marabá e de Itupiranga, para entender à realidade que vivem, suas experiências práticas, dificuldades, anseios e sonhos.
O livro foi lançado na pela Editora da Uepa (Eduepa), em sessão virtual, marcando o primeiro lançamento realizado pela editora neste formato. “O ineditismo desse material para nós foi adaptar o e-book para aplicativos de leitura de imagens e de informações além do texto em si. Contemplar um público que poucas produções alcançam é muito gratificante. Foi um aprendizado muito grande sobre como elaborar um material pensando em um público diferente do que temos de referência. Fizemos um importante exercício de empatia para a produção”, explica Nilson Bezerra Neto, coordenador e Editor-Chefe da editora da Uepa.
Cada detalhe da edição foi cuidadosamente pensado, como por exemplo, não hifenizar palavras, o que pode quebrar a leitura de pessoas com deficiência visual, assim como a utilização de letras grandes para contemplar a acessibilidade para pessoas com baixa visão, e a substituição de palavras que poderiam dificultar a leitura via aplicativos de leitor de tela.
As ferramentas apresentadas no livro digital destinam-se não apenas ao atendimento educacional especializado, como também podem ser aplicadas no ensino comum. “Este e-book pode estimular e facilitar o trabalho de professores que atuam na educação básica, que podem reproduzir as nossas sugestões ou ainda utilizar como modelo para desenvolver seus próprios materiais”, explica Airton Pereira.
Deficiência
O número total de alunos com deficiência em escolas de educação básica no Brasil cresceu seis vezes nos últimos 10 anos, segundo o Censo Escolar 2017, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No município de Marabá, no sudeste paraense, essa realidade não é diferente. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, em 2017, a cidade possuía 1.812 alunos com deficiência matriculados no Ensino Fundamental da rede pública.
Conheça alguns dos materiais didáticos sensoriais desenvolvidos no âmbito do projeto.
Texto: Giovanna Abreu (Secom)
Foto: Acervo do projeto.