A busca por estratégias para ensinar a disciplina de Química com processos e produtos mais didáticos e atraentes, moveu professores e graduandos do curso de Licenciatura em Química da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Campus XVI, no desenvolvimento do subprojeto intitulado Química na Uepa, que promoveu o desenvolvimento de práticas pedagógicas orientadas na interface universidade-escola. Com bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), os estudantes da graduação puderam desenvolver e experimentar em salas de aula, atividades de ensino fundamentadas na teoria da aprendizagem significativa.
Os professores orientadores, Lucicléia Pereira da Silva e Marcos Antonio Barros dos Santos, ambos doutores em Química, ressaltam que “o desenvolvimento de saberes e experiências inerentes à prática docente constitui uma das principais finalidades do Pibid”. Por essa razão, publicaram em artigo, o relato de experiências, que apresenta os resultados das ações promovidas na iniciativa de formação inicial dos licenciandos que participaram do subprojeto.
As atividades do projeto foram realizadas durante 17 meses, fundamentadas na Teoria da Aprendizagem Significativa em sala de aula, ou seja, levando em consideração a realidade dos estudantes, com incentivo ao engajamento, participação e valorização das experiências prévias e cotidianas. “O ensino de química ainda é considerado um bicho de sete cabeças pelos estudantes do ensino médio. Mas quando abordamos o conhecimento desta ciência, aproximando a realidade vivida pelos estudantes, torna-se possível romper algumas dificuldades do processo de ensino e de aprendizagem”, explica o professor Marcos.
Os bolsistas Pibic envolvidos na proposta, vivenciaram a Iniciação à Docência junto a turmas da educação básica na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eduardo Angelim. Gustavo Alex de Souza Gomes, avalia positivamente a experiência de formação. “As práticas que tive em docência fizeram refletir sobre a aprendizagem dos alunos e suas dificuldades. Entendi que o processo de ensino-aprendizagem requer que os alunos façam parte da produção de conhecimento e não apenas os professores sejam os detentores dele”, reflete.
Professora Lucicléia e professor Marcos relatam que ao longo do projeto, os graduandos realizaram ciclos de seminários com leituras e discussões de artigos científicos, participaram de minicursos e planejaram Unidades de Ensino Potencialmente Significativas (UEPS), abordando diferentes conteúdos e temas contextualizados, como tabela periódica, isomeria, cinética química, ligações químicas, pilhas e baterias, horta, alimentos, medicamentos, naufrágio e poluição ambiental. “Além disso, os futuros professores realizaram pesquisa sobre a própria prática, avaliando o processo de ensino e aprendizagem promovido com alunos da educação básica e divulgaram os resultados alcançados em eventos científicos regionais”, orgulham-se os orientadores.
Uma Química divertida
De acordo com professor Marcos Antonio, quando os recursos didáticos são usados adequadamente, além de facilitarem e motivarem o aprendizado, conseguem dinamizar a sala de aula. Por essa razão, no âmbito do projeto surgiram as ideias de experimentos, jogos, histórias em quadrinhos (HQ's), telejornal e modelos moleculares. “Isso possibilita aos alunos da educação básica uma compreensão melhor do conhecimento químico, que muitas vezes são trabalhados e reproduzidos dos livros didáticos”, afirma o professor.
Entre os jogos desenvolvidos, estão A Rota do Alumínio – Da mina à sua Casa, desenvolvido pelos graduandos Waldeci Batista Lisboa Júnior, Jonh Lenon da Silva Ferreira e Élber da Silva Lobato, e Quem Poluiu o Rio Bellone, feito pelas bolsistas Marilia Macedo Ságica, Mayra Ellen Mendes da Silva, Ana Marcela Ribeiro Correa.
Para os amantes das HQs aprenderem química com prazer, foram criadas histórias como Sabão Ecológico, de autoria dos alunos Jean Carlos Cruz Martins, Larissa dos Santos Lima, Zenilda Castro Moraes, Miriam da Rocha Lobato. A HQ aborda o problema ambiental de despejo inadequado de óleos de fritura, e aponta algumas soluções, como a coleta para produção de sabão. E para quem acha que a cachaça não tem nada a ver com a química, os estudantes Ronilson Santos dos Santos, Lorram Ferreira da Silva, Alan Pereira Cardoso e Edy Henrique Negrão Gonçalves desenvolveram o experimento Produção Artesanal de Cachaça e o Ensino da Função Álcool.
Essas e outras experiências foram apresentadas pelos alunos e professores em eventos como a X Mostra de Ciência e Tecnologia da Escola Açaí (MCTEA), realizado no município de Abaetetuba-PA, na I Mostra do PIBID e na Residência Pedagógica, promovida durante a II Jornada Científica do Campus de Barcarena.
Texto: Guaciara Freitas e Raquel Brasil (Ascom Uepa)
Foto: Acervo do Projeto (Uepa Campus XVI)