O Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Reabilitação na Amazônia (GEDERAM), vinculado ao curso de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), está realizando a pesquisa Sexualidade e Função Urinária na População Transexual no Brasil, com o levantamento de informações por meio de um formulário direcionado ao grupo social dos transexuais. Assim, o grupo convida para participar da pesquisa, pessoas transexuais que realizaram ou não cirurgias de redesignação sexual, com ou sem tratamento de hormonioterapia, que tenham a partir de 18 anos de idade.
A colaboração dos participantes ocorre por meio do preenchimento de formulário virtual, com questões referentes à função urinária e função sexual, que está disponível na plataforma Google Forms, até o final do mês de agosto. O objetivo da pesquisa é analisar a sexualidade e função urinária em pessoas transexuais, bem como o impacto sobre a qualidade de vida. Desta maneira, o estudo pretende reconhecer como a fisioterapia pode auxiliar ainda mais na readequação funcional das mudanças corporais ocorridas no processo transexualizador e, consequentemente, no bem-estar do grupo social de pessoas transgêneros.
No ano de 2019, o curso de Fisioterapia da Uepa desenvolveu dois projetos em relação ao grupo social dos transgêneros, voltados a questões relacionadas à função urinária e sexual de homens e mulheres transexuais, porém os estudos foram restritos a Belém. Já no projeto atual sobre Sexualidade e Função Urinária na População Transexual no Brasil a abrangência nacional e está sendo realizado em parceria com o professor João Simão, coordenador da Unidade de Pesquisa Clínica e Experimental, do Sistema Urogenital, da Universidade Federal do Pará (UPCEURG-UFPA).
Segundo a coordenadora do curso de Fisioterapia da Uepa, Erica Feio, conhecer mais as questões de saúde LGBTQIA+, em especial das pessoas transexuais, é um interesse antigo do curso de Fisioterapia da Uepa, pois com este conhecimento é possível ter uma intervenção mais direcionada e eficaz aos cuidados em saúde e assim, propiciar padrões ótimos de assistência com ética e humanização. “São diversos os enfretamentos que os transexuais precisam ainda, lidar no seu dia a dia, que podem dificultar o acesso aos serviços públicos de saúde. Além disso, são necessários mais estudos científicos que possam orientar os profissionais nos procedimentos para serem resolutivos. Tal condição é prevista nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), onde o acesso aos serviços de saúde é universal, integral e equânime, preservando a autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral”, comentou.
A cirurgia de redesignação sexual e a terapia de hormonização são recentes no Brasil, poucos estudos foram realizados para verificar as consequências funcionais nos músculos do Assoalho Pélvico, por exemplo. Desta forma, o GEDERAM reafirma a necessidade de aprofundar conhecimentos dentro da área da saúde, para melhorar o atendimento especializado da população transexual.
Texto e foto: Daniel Leite Jr (Ascom Uepa)