O Projeto Empodera Marajoaras: educação popular, saúde, cidadania e formação profissional para as mulheres em situação de vulnerabilidade, foi implementado em julho deste ano, por meio de convênio firmado entre a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com o objetivo de potencializar o empoderamento feminino marajoara no campo educacional e social. E para celebrar as conquistas já alcançadas, a equipe executora iniciou na sexta-feira, 25, uma programação de encerramento no município de Salvaterra, que se estenderá aos municípios de Muaná e Cachoeira do Arari.
Sob coordenação geral da professora Lana Claudia Macedo da Silva, o projeto conta ainda com a coordenação adjunta das professoras Ana da Conceição Oliveira, Camila Claíde Oliveira de Souza e com a assessoria técnica da vice-reitora da Uepa, professora Ilma Pastana Ferreira.
Em seu percurso de formação, o Empodera promoveu ações de educação, saúde, cidadania e formação multiprofissional junto a mulheres dos municípios da Ilha do Marajó, nas seguintes áreas: gastronomia, estética e saúde. Entre os cursos profissionalizantes realizados, estão o de panificação, curso básico de chocolateria e doces, esmalteria, designer de sobrancelhas, básico de limpeza de pele, maquiagem, cabeleireira e gestão financeira, que foram ministrados por Sara Monteiro, Hellen Freire, Maria de Nazaré Vasconcelos, Bruna Mendonça, Vanessa Rocha, Raiza Martins, Elenilda Moraes e Mônica dos Santos, respectivamente. De acordo com a professora Camila Oliveira, “uma das preocupações do projeto foi de que todas as instrutoras dos cursos fossem da região”.
A programação de encerramento incluiu as palestras Cidadania e Direito da Mulher: a naturalização da violência contra a mulher na sociedade brasileira; A Luta dos Movimentos Feministas por Direitos, ministradas pelas professoras Lana Macedo e Josinete Lima; e Direito da Mulher: Lei Maria da Penha e outros mecanismos de combate à violência doméstica, proferidas pela advogada Cássia Pampolha e o procurador jurídico da Uepa, Marcio Souza.
Na avaliação da coordenadora geral do projeto, “empoderar a mulher é um dos desafios deste século e esse desafio é individual, mas também coletivo. Então, uma mulher pega na mão da outra para ajudá-la a seguir o caminho que ela traçar para si. Durante a mesa de encerramento, Eduardo Miranda, que esteve representando a titular da Sectet, professora Edilza Fontes, ouviu os pedidos das professoras Ilma Pastana e Carmelita Ribeiro, coordenadora do campus XIX da Uepa, pela continuidade do projeto e se mostrou receptivo à proposta. Na ocasião, a vice-reitora da Uepa, destacou como a universidade se moveu rapidamente para desenvolver o projeto. Já o secretário de saúde de Salvaterra, Wlademir Araújo dos Santos Júnior, que se fez presente em diversos momentos das atividades de encerramento, reiterou a parceria com a iniciativa, por reconhecer a relevância do projeto para o município.
Antes de entregar os certificados a algumas das participantes dos cursos, o reitor Clay Chagas, destacou que “até a década de 80 nós não tínhamos dados oficiais sobre o número de mulheres que sustentam a família. À medida que esses dados começam a aparecer, a partir dos anos 90, o Estado começa a ver a necessidade de desenvolver políticas públicas voltadas para essas mulheres sustentarem suas famílias”.
Empoderamento e empreendedorismo feminino
Maria Marciele Barbosa Rodrigues, 28 anos, mãe de uma menina de quatro, aproveitou o Empodera para fazer o curso de chocolateria, limpeza de pele e maquiagem porque está desempregada e viu na oferta dessa qualificação, a possibilidade de iniciar um negócio próprio, para vender trufas. “A professora Hellen, além de nos ensinar a fazer os doces, nos ensinou a usar os aplicativos, para divulgarmos a nossa produção nos grupos locais”, detalhou.
A assistente social, Sara Monteiro, instrutora do curso de panificação também faz parte do grupo Mulheres Empreendedoras do Marajó e ressaltou o quanto é necessário haver atenção do poder público para as demandas dessas mulheres.
Para Josilene Amador Figueiredo, residente da comunidade quilombola de Boa Vista, localizada a 25Km do centro de Salvaterra, um dos pontos mais diferenciados do Empodera Marajoaras, foi levar o curso para a área rural, porque “muitas vezes as mulheres têm interesse em participar, mas não conseguem se deslocar até a cidade, mesmo quando os cursos são gratuitos, por causa da dificuldade de transportes”. Ela, que fez o curso de design de sobrancelhas, contou que 21 mulheres da comunidade participaram da formação.
Cuidados com a saúde física e mental
Além de um conjunto de ações de educação e saúde, executadas por equipes formadas por alunos dos cursos de Saúde Coletiva, Enfermagem e por profissionais do Centro Saúde Escola (CSE) e do Núcleo de Assistência ao Servidor (Nas) e da Secretaria Municipal de Saúde de Salvaterra (Semusa), que ofertou as vacinas contra covid 19, influenza, hepatite, tríplice viral e DT (difteria e tétano).
Enquanto esperavam para serem atendidas em consultas com a médica Djenane Caetano, aproximadamente 40 mulheres passaram pela sala de Educação em Saúde, onde as alunas dos cursos de Enfermagem, Evelyn Almeida, e Saúde Coletiva, Andressa Vulcão fizeram muitos esclarecimentos relacionados à saúde da mulher. Outro grupo também passou pela sala destinada a esclarecimentos sobre a saúde mental, com a psicóloga Maria de Nazaré.
Texto e fotos: Guaciara Freitas (Ascom Uepa)