A Universidade do Estado do Pará (Uepa)realizou, nesta quinta-feira, 22, a entrega dos diplomas revalidados dos médicos graduados fora do Brasil. Ao total, 75 candidatos receberam a documentação que permite o exercício da profissão em todo o território nacional. A cerimônia foi realizada no Teatro Estação Gasômetro, com a presença do governador Helder Barbalho, o reitor da Uepa, Clay Chagas, e demais autoridades.
O reitor da Uepa aproveitou a ocasião para agradecer ao desempenho dos servidores da instituição, que encararam o desafio de realizar o processo. Para ele, "quem faz Medicina no exterior tem tanta qualidade como quem faz aqui". Ele ainda ressaltou que, mesmo formando mais de cem médicos por ano em três campi da universidade no Pará, ainda é insuficiente para atender as demandas do Estado: "Não damos conta, então ainda precisa chegar profissional de saúde no interior, por isso, convido para que fiquem no estado do Pará. Temos muito a ganhar e vocês têm muito a contribuir com os esforços dos avanços da saúde pública".
Na ocasião, também foi realizado o lançamento do edital de Estudos Complementares, que oferecerá 60 bolsas de estudos aos candidatos que não tiverem obtido a nota de corte, com financiamento via Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica. "Criamos uma etapa para quem não atingiu a nota mínima de corte e estamos convidando para que façam esses estudos complementares nos municípios do arquipélago do Marajó".
Na prática, os médicos formados no exterior, que estão participando desta segunda edição do Revalida realizada pela Uepa, e que não obtiverem aprovação no processo de validação, terão a oportunidade de refazer as provas, após um ano de aprendizados teóricos e atividades práticas, que serão desenvolvidas em municípios do arquipélago do Marajó.
Para que esta etapa seja viável, foram assinados o convênio com as prefeituras do Marajó e o termo de execução tem como objetivo a colaboração mútua dos participes, visando a efetivação da descentralização de créditos orçamentários da Sectet para a Uepa.
"Aqui nós temos que valorizar a integração do governo, que compreende que somos um time em que as pastas possam dialogar para viabilizar as políticas públicas", apontou o governador Helder Barbalho.
Guto Gouvêa, presidente da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó, apontou que "É com muito prazer que estamos nesse momento histórico para a saúde do Marajó. Temos, hoje, 17 municípios e em torno de 700 mil habitantes que não tem acesso a saúde pública, então vocês vão contribuir muito conosco, por isso, desejamos que voces sejam muito bem-vindos ao Marajó".
O governador Helder Barbalho relembrou que o processo de revalidação começou no momento mais crítico da pandemia da Covid-19, quando, mesmo com material e leitos, a saúde do Estado precisava de mão de obra especializada para atender a população paraense.
"A Uepa foi corajosa e eu quero aqui fazer justiça ao trabalho de toda equipe. Não seria correto se eu não lembrasse do professor Rubens Cardoso, que na época era o reitor da Uepa e foi quem acolheu a compreensão de que o servidor público não pode ficar preso a sua caixa de objetivos. Ele tem que ficar preso as suas missões, porque se não, ele não vai olhar além do que tá escrito naquela redação, quando você olha pra missão, a missão é bem mais ampla e você pode buscá-la de todas as formas. Agradecer a Uepa que teve a coragem de ser a primeira universidade do Brasil a estabelecer o revalida nessa geração"
Para o o secretário adjunto de Políticas Públicas para Saúde, Sipriano Ferraz, é importante frisar o cuidado do Governo do Pará em promover o acesso à saúde de qualidade para a população paraense.
"Para nós da Sespa é de grande valia atingir esse objetivo de 75 médicos com diploma revalidado e que podem atuar em todo o território nacional. Nós que somos paraenses, que estamos nos municípios, nesse estado de dimensões continentais , vivenciamos a dificuldade para ter médicos de qualidade principalmente na atenção primária de saúde nas nossas regiões de difícil acesso. Para os nossos municípios é um grande alívio ter mais essa mão de obra ofertada, para que cada vez mais possamos cuidar do povo paraense com carinho, atenção e qualidade, esse é um projeto inovador, pioneiro e temos muito orgulho em defender as diretrizes do governo do Estado e o acesso à saúde"
André Luis Carvalho foi um dos médicos que teve a sua documentação revalidada. Ele é do Amapá e formou-se em Coxabamba, na Bolívia, e veio para Belém para participar do processo: "foi uma preparação de um ano para conseguir a revalidação, com esforço e dedicação, porque é um processo muito difícil". Agora, ele pretende fazer residência em Ginecologia e Obstetrícia para, segundo ele, 'colocar criança no mundo" e voltar para a região marajoara. "Eu sei que é um povo muito sofrido porque é difícil a assistência médica e quase ninguém quer ir, porque é muito longe, mas pode ter certeza que o Marajó vai ganhar mais um médico", finaliza, orgulhoso.
O processo começou em abril, com a divulgação do edital do Processo de Revalidação de Diploma de Graduação do Curso de Medicina. Ao longo do ano, o processo de revalidação foi realizado nas fases de Análise Documental e Pedagógica, Prova Teórica e Prova Prática de Habilidades Clínicas. Os candidatos alcançaram, no mínimo, 50% do total de pontos da Prova de Múltipla Escolha, 50% do total de pontos na Prova Descritiva e 60% do total de pontos da Prova Prática de Habilidades Clínicas, terá alcançado a Equivalência Curricular e seu diploma revalidado pela Uepa.
Em algumas universidades os médicos pagam para cursar as atividades complementares, já no caso da ação implementada pela Uepa, após tratativas acordadas entre a universidade e o Governo do Pará, os médicos poderão ser pagos para se prepararem para uma nova tentativa de validação dos diplomas. A medida também favorece uma futura fixação dos médicos nos municípios.
A Uepa realiza a revalidação e convalidação de diplomas desde 2017 para diversos cursos de graduação e pós-graduação. No entanto, em 2020, a Universidade incluiu o curso de Medicina no processo de revalidação e convalidação de diploma, em função da pandemia da Covid-19, que exigiu a entrega de mais profissionais da área da saúde para atuação no Estado do Pará.
Texto: Marília Jardim (Ascom Uepa) com colaboração de Melina Marcelino (Ascom Sespa)
Fotos: José Pantoja (Ascom Sespa) e Marcos Santos (Agência Pará)