Oferecer a oportunidade para o aluno de escola pública aprimorar seus conhecimentos e ter acesso ao ensino superior, preferencialmente, público, gratuito e de qualidade. Esse é o objetivo do Cursinho Alternativo da Universidade do Estado do Pará (Uepa), projeto de extensão que, neste ano, aprovou 40 estudantes no vestibular da Uepa e da Universidade Federal do Pará (UFPA). O resultado exitoso reflete a dedicação dos estudantes e o empenho dos profissionais envolvidos na iniciativa.
As aprovações ocorreram em diversos cursos, como: Bacharelado em Design, Fisioterapia, Educação Física, Serviço Social, Turismo, Pedagogia, Letras, Engenharia Civil, Economia, entre outros. Roberta Maués, 18 anos, foi uma das estudantes do cursinho aprovadas. Ela foi classificada em Licenciatura em Matemática (Uepa) e Engenharia Química (UFPA). O caminho de preparação da jovem para alcançar o ingresso na universidade pública envolveu uma intensa rotina de estudos, com aulas na escola de segunda a sexta-feira, no período da manhã, seguida por estudos em casa, no turno da tarde, além da participação no Cursinho Alternativo aos finais de semana. A estudante frequentou o projeto durante todo o período letivo de 2022.
“O cursinho foi muito importante para a minha evolução e aprendizado. Isto, sem dúvida nenhuma, foi um grande fator que me fez ser aprovada em duas faculdades. Recebi, além de motivação, um enorme apoio e suporte dos professores que são super atenciosos e ajudaram a acabar com as minhas principais dúvidas”, pontua Roberta, que escolheu o curso de Matemática por ter sido a disciplina que teve melhor rendimento na escola, enquanto que Engenharia Química foi um curso que a estudante se identificou durante as pesquisas realizadas.
Ano Letivo 2023
A aula inaugural das turmas ofertadas pelo Cursinho Alternativo em 2023 ocorrerá no próximo sábado, 4, no Auditório Paulo Freire, localizado no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Uepa, das 14h30 às 18h. A programação terá a explanação sobre o cursinho, equipes e temas que serão trabalhados no ano letivo atual, roda de conversa com temáticas atuais do país e do mundo, além da apresentação do criador e responsável pelo projeto, professor Altem Nascimento Pontes.
Neste ano, o Cursinho Alternativo ofertou 300 vagas, incluindo, pela primeira vez, uma turma destinada à modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), voltada para alunos que finalizaram o Ensino Médio por meio do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), Supletivo ou que estão há mais de dez anos sem estudar.
Cursinho
Criado em 2007 e institucionalizado no ano de 2010, o projeto foi desenvolvido pelo docente da Uepa Altem Pontes, que possui doutorado em Física e desenvolve pesquisas relacionadas a temas como Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação, Cultura, Saúde e Meio Ambiente. O professor conta que, desde a sua implementação, o cursinho tem focado em dois públicos-alvo: alunos de escolas públicas e estudantes de licenciaturas da Uepa.
“O projeto foi concebido por mim para ajudar os estudantes de escolas públicas a complementar sua formação acadêmica e também para auxiliar os alunos das licenciaturas da Uepa a terem uma iniciação à docência. Todos os semestres apoio financeiramente o projeto, porque não quero que ele acabe, já que ajuda muitos estudantes que não têm recursos para pagar um cursinho”, ressalta Altem Pontes.
Segundo o professor, o Cursinho Alternativo iniciou com a oferta de aulas de Física, Química e Biologia. Após, os alunos de Matemática também pediram para participar do projeto que, posteriormente, incorporou Língua Portuguesa, História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Estudantes dos cursos de Pedagogia e Secretariado Executivo Trilíngue da Uepa também participam do projeto.
Os alunos do cursinho têm acesso a todos os conteúdos da matriz curricular do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em aulas ofertadas aos finais de semana: sábado, das 8h às 19h - com intervalos de lanche e almoço - e domingo, das 9h às 13h20. Todos os profissionais que integram a equipe trabalham de forma voluntária, incluindo os diretores e coordenadores das equipes.
Mesmo durante o auge da pandemia de Covid-19, o projeto continuou a desenvolver suas atividades. “Montei, juntamente com nossos alunos, uma estrutura para aulas remotas e assim conseguimos manter o cursinho”, comenta Pontes. Atualmente, o Cursinho Alternativo atende cerca de 100 alunos de graduação da Uepa e mais de 300 estudantes de escolas públicas da Região Metropolitana de Belém. ”Em 2023, o cursinho completará 16 anos. Tenho muito orgulho de ter implantado esse projeto e ter dado continuidade, independente das dificuldades ao longo dos anos”, afirma o professor.
Devido à iniciativa ter crescido, o docente montou uma estrutura para auxiliar na gestão, já que ele também coordena os cursos de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais da Uepa. Atualmente, 12 equipes trabalham no cursinho, sendo nove grupos de disciplinas, além de Direção, Secretaria e Coordenação Pedagógica.
Importância
Entre as diretoras do projeto está Lídia Pantoja. Ela atua há três anos na iniciativa e diz se sentir "imensamente feliz e grata" por integrá-la. “É maravilhoso ajudar na realização de sonhos e presenciar o crescimento crítico e intelectual dos alunos. O cursinho é de suma importância no cenário socioeconômico, não só da capital mas do país. Nem todos possuem a mesma oportunidade devido à condição social e financeira. O cursinho popular ajuda essa pessoa vulnerável a alcançar o seu objetivo de forma gratuita”, destaca.
Além do apoio financeiro de Altem Pontes, o projeto conta com a parceria do Centro Gráfico da Uepa e da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade. “Até ano passado, os alunos tinham um gasto financeiro com as apostilas. Este ano, o cursinho dará os cadernos com conteúdos e exercícios, para que não tenha que sair nada do bolso dos alunos”, diz Lídia Pantoja.
Enquanto atuar na Uepa, o professor responsável pelo projeto diz que manterá o cursinho, pois o considera como “um caminho para melhorar a vida das pessoas e dar a elas esperança em um futuro melhor”.
Além do Cursinho Alternativo, a Uepa também apoia o Cursinho Popular Esperançar, que é um projeto de ensino, pesquisa e extensão do Núcleo de Educação Popular Paulo Freire (NEP/UEPA) e o Movimento de Educação Popular Inclusiva do Jurunas (Mepiju). Ambos também tiveram alunos aprovados no Vestibular 2023.
Texto: Monique Hadad (Ascom Uepa)
Fotos: Acervo pessoal e Marília Jardim (Ascom Uepa)