Gratuito e aberto ao público, evento nacional será realizado em 23 de setembro, no Centro de Ciências e Planetário da Uepa, em Belém
A linguagem com que se comunicam, a música presente nos rituais, a alimentação que sustenta as famílias, as crenças e outros costumes das populações tradicionais indígenas serão discutidos e acompanhados de perto durante o evento nacional 9º Primavera de Museus, no dia 23 de setembro, no Centro de Ciências e Planetário da Universidade do Estado do Pará (Uepa), localizado na avenida Augusto Montenegro, em Belém.A programação gratuita e aberta ao público começará às 9h, com a mesa redonda promovida pelos professores do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Uepa, sobre conhecimentos tradicionais indígenas e conhecimento científico. Eles pontuarão o processo de ensino-aprendizagem nas localidades indígenas. Haverá também apresentação de curtas de animação indígenas e das músicas produzidas pela etnia Aikewára.
Em duas exposições, os participantes poderão ver de perto e até adquirirem cestos de cerâmicas, colares, brincos, cocares e diferentes adornos confeccionados pelos indígenas das etnias Parakãn e Guarani.
A partir das 17h, na palestra Cultura Alimentar do Marajó: memória viva e ancestralidade indígena, dois chefes de cozinha mostrarão, na prática, como as populações indígenas do Marajó preparavam a própria alimentação. Os presentes serão convidados a degustar a culinária indígena.
Para encerrar, no lado externo do Centro de Ciências e Planetário, estarão posicionados telescópios para a visualização do Equinócio da Primavera, fenômeno em que o dia e a noite tem a mesma duração, além do Sol ficar alinhado com a linha do Equador.
A visualização do fenômeno não é à toa. De acordo com uma das coordenadoras da programação, Susane Vieira, para a etnia Guarani, o Equinócio da Primavera representa o início de um novo ano. “Essa observação será interpretada pelo professor e índio guarani Almires Machado. Ele vai interpretar o céu do ponto de vista indígena e compartilhar com os presentes. Enquanto que para nós, a virada do ano é em dezembro, para o povo Guarani, a virada é no dia 23, com o Equinócio”, diz Susane.
Para participar é necessário efetuar a inscrição gratuita pelo site http://bit.do/primaveraccpp. Há apenas 50 vagas. A participação de manhã ou à tarde dá direito ao certificado de 5 horas. Para quem optar em acompanhar todo o evento, terá garantida a certificação de 10h.
O 9º Primavera de Museus tem como tema central Museus e Memórias Indígenas e é idealizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). Ano passado, o Centro de Ciências e Planetário do Pará passou a ser reconhecido pelo IBRAM como um museu de ciências e por isso promove a 9º edição da programação.
PIONEIRO NO PARÁ
Em 2012, a partir das demandas das próprias comunidades indígenas, por meio de uma articulação política com o Ministério Público do Estado do Pará (MPE), a Uepa criou o curso de Licenciatura Intercultural Indígena. O curso forma professores em turmas unicamente composta por índios. A Uepa é a única instituição do estado a investir nessa formação. No início de 2014, o curso foi avaliado e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Pará (CEE).
Atualmente, a Universidade oferta 150 vagas no Processo Seletivo ao Curso de Licenciatura Intercultural Indígena 2016. As inscrições se iniciaram em 26 de agosto e encerram em 18 de setembro, e ocorrem presencialmente nos campi da Uepa em Tucuruí, Paragominas e Santarém.
Texto: Renata Paes
Foto: Renato Soares