Trote Solidário ganha sentido social no CCSE

Enviado por Fernanda Martins em Sex, 23/03/2018 - 14:22

O trote ganhou um novo significado no Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Desde o ano passado, o Trote Solidário converte a energia do calouro em boas ações para o campus e sua comunidade. Esse ano, os novos alunos receberam a visita de cerca de 80 crianças da Vila da Barca e, para elas, criaram brincadeiras e atividades educativas. A Policia Militar também participou da festa, cedendo membros do seu Canil e do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) para levar conhecimentos aos calouros e demais presentes.

Em 2017, o trote rendeu à comunidade acadêmica uma área de convivência com jardim e murais construídos pelos então calouros, uma forma encontrada pela gestão do Centro para engajar os novos alunos da preservação e cuidado com o campus, que seria sua nova casa. “Pensamos estas ações, que são mais benéficas e trazem um retorno muito maior para eles do que uma simples festa. Durante muitos anos, o trote universitário foi tido como algo feio e violento, nossa intenção é transforma-lo em algo positivo para calouros, veteranos e a comunidade em geral”, explicou o diretor do CCSE, Anderson Maia.

O Campus I entrou em clima de festa na manhã de hoje, 23. Balões coloridos e diversas barracas – cedidas pela Defesa Civil – montadas no estacionamento do Centro abrigaram as atividades, separadas por curso. Na tenda da Matemática, os pequenos convidados se divertiram com jogos de lógica, sempre sob orientação dos calouros. “Eu não imaginei que meu trote seria assim. Foi uma boa surpresa”, elogiou o aluno de Matemática, Marcos Paiva, de 18 anos.

Os calouros de Pedagogia se vestiram à caráter para a atividade. Glitter, fantasias e até chifres de unicórnio foram o uniforme para receber a criançada. O curso promoveu um resgate às brincadeiras de rua tradicionais da cidade, como elástico, pular corda, macaca – também conhecida em outros estados como “amarelinha” -, divertiram alunos e crianças. “Eu achei que a gente ia receber um trote, mas na verdade estamos oferecendo um e está sendo muito legal”, comentou a nova aluna de Pedagogia, Ingrid Cabeça, 18 anos.

Para a colega, Mayara Lopes, de 17 anos, desenvolver uma atividade social como trote foi uma novidade bem-vinda. “Já temos uma oportunidade de ter contato com nossa futura profissão, além de fazer a alegria dessas crianças”, resumiu. A tenda do BPA também chamou a atenção dos jovens, com diversas espécies da fauna amazônica empalhadas.

Os novos alunos de Ciências da Religião levaram conhecimento da diversidade religiosa às crianças através de um jogo da memória com imagens de deuses de religiões menos praticadas no Brasil. “Geralmente as crianças que habitam as periferias de Belém têm pouco ou nenhum conhecimento de religiões além das cristãs. Foi a forma que encontramos para contribuir com a formação deles”, explicou a caloura Yasmim Oliveira, de 17 anos.

A eletricista Tatiane Beltrão, de 27 anos, levou os filhos de 8, 7 e três anos para o trote solidário e aprovou a ação. “Eles tiveram acesso a muitas informações legais. Os jogos da Matemática, os animais do BPA, as brincadeiras. Tudo com essa pegada educativa”, avaliou. Ela deixou ainda uma dica para os calouros de Letras. “Meus filhos gostam muito de contação de história. Talvez os alunos pudessem fazer algo nesse sentido”, disse.

Além de seu tempo e atenção, os calouros doaram 103 kits compostos de brinquedos pedagógicos, que foram distribuídos aos pequenos. A Coordenação de Apoio e Orientação Pedagógica (Caop), responsável pela realização do trote, conseguiu ainda patrocinadores para bancar um lanche para os pequenos.

A apresentação dos cães Tobby, de 9 anos; Leão, 9; Mel, de três; e Irano, 7, foi um dos destaques da programação. Dóceis e conduzidos por policiais/treinadores apaixonados por seu ofício, o cachorros demonstraram os exercícios e comandos para o qual foram treinados e Tobby, um Cocker spaniel recordista em apreensão de drogas no Pará, mostrou aos presentes como localiza entorpecentes.

“As pessoas às vezes ligam esse treinamento a maus tratos, mas para eles é uma brincadeira. O cheiro das drogas é associado ao do brinquedo preferido. Para os cães, localizar as drogas é igual a procurar o seu brinquedo”, explicou o sargento Ricardo Vaz, que há 25 anos atua no batalhão do Canil. O cão Leão se rendeu aos carinhos de calouros e crianças.

A participação ativa dos calouros nas brincadeiras promovidas pelos colegas mostrou o quanto foi divertido para eles. O novo aluno de Matemática Luiz Guilherme, de 17 anos, brincou de elástico até suar. “Foi muito bom ter esse contato com as crianças. A gente se contagia. Eu nunca havia tido oportunidade de ensinar crianças e gostei muito. Ver o interesse delas pelo que estamos ensinando é muito estimulante”, observou o futuro professor.

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Texto: Fernanda Martins/Ascom CCSE

Fotos: Nailana Thiely